Sexo após longo convívio
Comentando a Pergunta da Semana
A maioria das pessoas que responderam à enquete da semana considera que a longa convivência acaba com o tesão. Sem dúvida, o sexo no casamento é o maior problema enfrentado pelos casais.
"Amo muito meu marido. Não quero me separar nunca. Ele é o melhor companheiro que alguém pode desejar. Só tem um problema: não tenho a menor vontade de fazer sexo com ele. Adoro quando ficamos abraçados, e ele faz cafuné na minha cabeça. Sexo nem pensar!", é um dos vários desabafos que ouvi das mulheres .
Os homens também se queixam da frequência das relações sexuais no casamento. "Minha mulher só quer fazer sexo de seis em seis meses. Mesmo assim só se eu insistir muito."
É bem maior do que se imagina o número de mulheres que fazem sexo sem nenhuma vontade. Elas tentam postergar a obrigação que se impõem para manter o casamento, mas às vezes não tem jeito. Quando o marido se mostra impaciente, o carinho e a amizade que sente por ele, ou o temor de perdê-lo, fazem com que a mulher ceda.
Entretanto, estudos recentes mostram que a sexualidade de ambos os sexos é fisiologicamente parecida. Apesar de a maioria das mulheres ainda desejar relacionamentos românticos, pesquisas do sexólogo americano Jack Morin mostraram que quando se trata de produzir excitação sexual, o sexo explícito é o que deixa as mulheres com mais desejo, como acontece com os homens.
O número de homens que perde o desejo sexual no casamento é bem menor do que o de mulheres. Para cada homem que não tem vontade de fazer sexo há, pelo menos, três mulheres nessa situação. Alguns fatores contribuem para isso.
O homem, na nossa cultura, é estimulado a iniciar a vida sexual cedo e se relacionar com qualquer mulher. Outra razão seria a necessidade de expelir o sêmen e, por último, a sua ereção rápida, na medida em que necessita de menos quantidade de sangue irrigando seus órgãos genitais.
Quais são os motivos da diminuição ou mesmo da ausência do sexo nas relações estáveis? Familiaridade com o parceiro, associada ao hábito, pode provocar a perda do desejo sexual, independente do crescimento do amor e de sentimentos como admiração, companheirismo e carinho.
Para se sentirem seguras, as pessoas exigem fidelidade, o que sem dúvida é limitador e também responsável pela falta de tesão. A certeza de posse e exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução e a conquista.
É uma questão séria quando não há mais vontade de fazer sexo com o parceiro (a). Afeta a vida do rejeitado e de quem rejeita. Mas é fundamental todos saberem que na grande maioria dos casos não se trata de problema pessoal ou daquela relação específica, e sim de fato inerente a qualquer relação prolongada, quando a exclusividade sexual é exigida.
Essa informação pode evitar acusações mútuas, em que se busca um culpado pelo fim do tesão. O preço é a decepção de ver se dissipar a idealização do par amoroso. No entanto, a partir daí fica mais fácil cada um decidir o que fazer da vida.
É claro que existem exceções, e que em alguns casais o desejo sexual continua existindo após vários anos de convívio. De qualquer forma, acredito faltar uma reflexão a respeito do modelo de casamento vivido na nossa cultura.
Nega-se o óbvio: o desejo sexual por outras pessoas constitui parte natural da pulsão sexual. Quando essa mentalidade mudar, as torturas psicológicas e os crimes passionais certamente diminuirão, assim como inúmeros outros fatores que geram angústia.
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