Desejo sexual insatisfeito
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da mulher que deseja muito fazer sexo, mas não tem com quem. A ausência de sexo ocorre com bastante frequência, principalmente entre as mulheres. Mas há uma longa história por trás do desejo sexual não satisfeito.
Para a Igreja o sexo era abominável. São Paulo, no século I, estabeleceu os fundamentos de que o celibato era superior ao casamento. Dizia que era uma condição mais cristã, uma vez que não acarretava obrigações mundanas passíveis de interferir com a devoção ao Senhor.
Reconheceu que isso requeria uma dose de controle que nem todos podiam alcançar. Assim, o casamento era um paliativo: "É melhor casar do que arder (em desejo)". Alguns ainda acreditam na afirmação de São Paulo: viver em castidade os torna superiores às outras pessoas.
A partir das décadas de 1960/70 a moral sexual sofreu grandes transformações, mas o sexo continua sendo um problema complicado e difícil. Muitas pessoas dedicam um tempo enorme de suas vidas às suas fantasias, desejos, temores, vergonha e culpa sexuais. Entretanto, estudos científicos comprovam cada vez mais a importância do sexo para a saúde física e mental.
Carmita Abdo, médica e coordenadora do Prosex (Projeto de Sexualidade do Hospital das Clínicas de São Paulo), afirma que as pessoas que têm relações sexuais com regularidade conseguem equilibrar seus hormônios e estimular suas potencialidades. Além de aumentar a autoestima e o ânimo para trabalhar e para enfrentar os problemas do dia-dia.
Um estudo americano afirma que ter relações sexuais duas vezes por semana ajuda a diminuir a incidência de diabetes e a reduzir a tensão arterial. O "American Journal of Cardiology", garante que o sexo ajuda a proteger o coração. Pesquisas realizadas pela Universidade de Nova Iorque mostram que o sexo pode melhorar o sistema imunológico, suprimir a dor e reduzir a enxaqueca. Segundo outro estudo americano recente, pessoas que praticam sexo com frequência vivem mais e correm menos risco de desenvolver câncer.
Resultados semelhantes aos dos Estados Unidos foram encontrados em uma série de estudos realizados na Inglaterra, Suécia, França e Alemanha. Até a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) dá destaque ao tema, colocando a atividade sexual como um dos índices que medem o nível de qualidade de vida.
Diante de todos esses dados, observamos um paradoxo. Um número grande de pessoas – solteiras ou casadas – não faz sexo. Elas desejam muito, mas não têm com quem. Se levarmos a sério todos os estudos científicos, e acredito que devemos levar, só podemos concluir que estamos diante de um caso de saúde pública. Penso que o Ministério da Saúde deveria se pronunciar.
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