A paixão que nos invade
Comentando a Pergunta da Semana
Quase todas as pessoas que responderam à enquete da semana já viveram uma paixão inesquecível.
É raro encontrar alguém que nunca tenha tido essa experiência. Nós todos aprendemos, desde cedo, a desejar viver uma paixão. Mas é um sentimento tão forte e invasivo, que pode levar a pessoa a ignorar suas obrigações cotidianas, além de induzi-la a fazer sacrifícios e a tomar decisões radicais. Por essa razão, e por ter no ardor sexual um forte componente, a paixão sempre foi considerada perigosa do ponto de vista da ordem e do dever social.
"O amor é bem comportado, se faz no lugar da ordem. É exercido a partir de uma série de referências bem ordenadas. A paixão, não. Ela subverte, perverte, te vira pelo avesso. A paixão te coloca fora da lei. O amor é legal, tem futuro, faz promessas…", diz o professor de teoria psicanalítica e escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza .
A paixão pode ser comparada ao estado hipnótico. Há uma fixação no ser amado, o que em alguns casos se torna uma obsessão. Os amantes experimentam um sentimento de incrível plenitude e, simultaneamente, têm a impressão de terem vivido até aquele momento em estado de privação: a presença do outro é fonte de bem-estar que parece ter possibilidades inesgotáveis.
É como se novas percepções e emoções enchessem os nossos canais sensoriais, abrindo à alma outra dimensão. Por conta disso, todos os apaixonados pressentem que um dia podem perder a pessoa amada, que isso pode acontecer a qualquer momento, e sofrem.
Por quem nos apaixonamos? "Não dá pra você antecipar por quem vai se apaixonar, nem qual o motivo que te faz se apaixonar. O apaixonamento é algo que te atropela, você é assolado, é tomado por aquilo. E exatamente o que o torna imprevisível é a impossibilidade de você estabelecer quais são os elementos que vão possibilitar esse apaixonamento. Caso contrário, você se protegeria. Para se apaixonar basta estar vivo e desejante, aberto para isso.", acrescenta Garcia-Roza .
Mesmo durando pouco, a paixão sempre foi sentida como uma doença da alma que, além de limitar a liberdade individual, pode levar ao assassinato ou ao suicídio. Para o famoso antropólogo polonês Bronislaw Malinowski, estudioso de várias culturas, a paixão existe em qualquer lugar do mundo e atormenta a mente e o corpo, podendo conduzir a um impasse, um escândalo ou uma tragédia. Raramente ilumina a vida fazendo com que o coração se expanda e transborde de alegria.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.