Como é difícil depender do marido!
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da mulher que tem que pedir dinheiro para o marido o tempo todo. Quando brigam, ele lhe tira o talão de cheque, a chave do carro e lhe deixa sem dinheiro algum.
Ao contrário do homem, que é estimulado a ser independente desde que nasce, a mulher não é criada para defender-se e cuidar de si própria. Quando adolescente, continua sendo treinada para a dependência. Não deve sair sozinha (um irmão é solicitado a acompanhá-la), seus horários são mais controlados, é cobrada a permanecer mais tempo em casa. Por mais que estude e faça planos profissionais para o futuro, alimenta o sonho de um dia encontrar alguém que irá protegê-la e dar significado à sua vida, não dando ênfase a uma profissão que a torne de fato independente.
O principal objetivo para a maioria continua sendo o casamento, visto como insubstituível fonte de segurança e usado como arma ideológica contra a mulher: "Uma pessoa só se realiza no casamento"; "Como você vai se manter se não casar?"; "Uma mulher não pode viver sozinha"; "A verdadeira felicidade da mulher é ter filhos". Esses slogans são repetidos incansavelmente, mesmo que de forma subliminar.
Em muitos casos, o movimento de emancipação e as exigências práticas da vida não permitem que a mulher se esconda sob a proteção do pai ou marido. Mas a liberdade a assusta. Foi ensinada a acreditar que, por ser mulher, não é capaz de viver por conta própria, que é frágil, com absoluta necessidade de proteção. Muitas acreditam até que serem sustentadas é um direito que têm pelo fato de serem mulheres. Desde a infância, a mulher desenvolve uma grande dúvida interna quanto a sua competência e, quando porventura surge uma chance de conseguir independência, se assusta e volta atrás.
Outras mulheres que acreditam na própria competência muitas vezes temem desapontar as expectativas do homem e representam o papel "feminino". Um estudo sobre a masculinidade e a feminilidade a partir de uma perspectiva da infância descreve os estágios da aprendizagem do respeito ao sexo masculino. São eles: afirmação (dos 6 aos 10 anos), no qual as garotas têm rancor dos meninos; ambivalência (dos 10 aos 14 anos), quando as garotas começam a se desviar para o lado dos meninos; e acomodação (dos 14 em diante), no qual as garotas aceitam a "necessidade do apoio masculino".
Tanto a mulher que se sente insegura e frágil quanto a que se sabe competente, mas representa o "papel feminino" para agradar ao homem, são mulheres dependentes. Ambas acreditam necessitar de um homem ao seu lado sem o qual não imaginam poder viver. O movimento feminista da década de 60 fez com que as mulheres se rebelassem contra o eterno papel de donas de casa e mães. Muitas, contudo, aceitam ainda servir de tela para os homens projetarem seus desejos. Acabaram convencidas de que seu papel não é o de um ser humano, mas o espelho que reflete o ideal e a fantasia do homem.
Para a maioria das mulheres, ser mulher significa ajustar sua imagem de acordo com as necessidades e exigências dos homens. A multidão de atributos expostos nesse papel — maneiras respeitosas, olhar recatado, sorriso constante, a risada que confirma, entonação crescente, gestos físicos cautelosos, e assim por diante — foi adequadamente chamada de atitudes de acomodação.
Atualmente, cada vez mais mulheres questionam a suposição de nossa cultura de que a verdadeira felicidade se equipara a estar envolvida com um homem. Ter ou não um homem ao lado está aos poucos deixando de ser a questão básica da vida. Mas ainda são poucas as que buscam se libertar dos papéis "femininos" a elas atribuídos. A grande maioria ainda mantém os padrões de comportamento tradicionais, variando apenas o grau.
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