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Regina Navarro Lins

E os homens se queixam das mulheres no sexo...

Regina Navarro Lins

26/11/2013 09h26

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

Estamos acostumados a ouvir queixas das mulheres quanto ao desempenho sexual do homem. Principalmente, no que diz respeito à pressa com que partem para a penetração e ao célebre "virar para o lado e dormir" após o orgasmo. Entretanto, a grande maioria das pessoas que responderam à enquete da semana acredita que os homens também se queixam.

Numa conversa com um grupo homens perguntei quais são as suas queixas. Selecionei seis respostas que representam ao que a maioria disse, que de certa forma vai de encontro aos comentários dos internautas no blog.

"Sim! A mulher parece não gostar de sexo! Inclusive atribuo a isso o fato de os homens procurarem sexo fora do relacionamento. Elas não buscam o próprio prazer e ficam paradas esperando o homem assumir tudo"

"Muitas mulheres não sabem o que realmente querem, fazem sexo sem sentir vontade ou quando sentem não fazem."

"As mulheres não tomam iniciativa, não se realizam e não realizam os homens"
Parece que ficam preocupadas em passar uma imagem de recatadas."

"A maioria das mulheres é muito reprimida, aí fica dizendo 'Não faço isso', 'Não faço aquilo', com medo do que o homem vá pensar sobre a moral dela."

"As mulheres fazem sexo oral por obrigação, parecem que não sentem prazer em dar prazer ao homem."

"A maioria das mulheres é fria e passiva. Tudo o que sai do papai-mamãe parece que não dá prazer a elas"

"Depende muito do homem, mas a maioria transa mal porque é tímida e reprimida"

Além da passividade, as maiores queixas se referem à questão de a mulher não saber praticar bem sexo oral ou nunca fazê-lo com prazer. Entre os casados, o grande problema é a falta de desejo sexual de suas esposas. É claro que cada vez aumenta o número de mulheres que conseguem se libertar dos papéis sexuais tradicionalmente estabelecidos para cada sexo.

Entretanto, devido à grande diferença entre a educação do homem e a da mulher, durante muito tempo as mulheres foram divididas entre as fáceis, que serviam apenas para o prazer, e as direitas, para casar. Somente com o movimento de emancipação feminina e a liberação sexual se admitiu que a mulher gostasse de sexo. Porém, todos ficaram confusos: homens e mulheres. Desde então é necessário se adaptar a uma nova realidade: a satisfação sexual deve ser encontrada com a namorada ou esposa, que também pode, agora, buscar seu próprio prazer.

Mas da mulher o que ainda se espera é que fique bonita, atraente e aguarde passivamente que o homem demonstre interesse por ela. Não se costuma aceitar quando alguém tenta se afastar do padrão social de comportamento. Qualquer mudança de atitude gera logo críticas. Quem nunca ouviu comentários do tipo: "Hoje as mulheres atacam!", se referindo a mulheres que se dispõem a conquistar um homem? E o pior é que na maioria das vezes são elas próprias que comentam.

Muitos homens, ao contrário, acreditam que por serem homens cabe exclusivamente a eles tomar a iniciativa do encontro sexual. A maioria das mulheres também aceita isso, por achar que a natureza é assim mesmo. Elas se sentem inibidas, temendo desapontar o parceiro se forem ativas. Pode ser que os homens se assustem com mulheres mais livres, mas o que mais reclamam da parceira é justamente a passividade.

A consequência desse desencontro é um sexo insatisfatório para ambos, com cada um se esforçando para corresponder à expectativa do outro, tudo com pouquíssima espontaneidade.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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