Diferenças insuperáveis no amor
Comentando a Pergunta da Semana
A grande maioria das pessoas que responderam à enquete da semana considera possível conviver com as diferenças do parceiro (a) amoroso. Muitos responderam que havendo respeito entre o casal as diferenças são superadas. Penso não ser tão simples assim. É comum duas pessoas combinarem em vários aspectos: gostar de estar juntas, ter um ótimo sexo, pensar e sentir da mesma forma sobre questões importantes da vida. No entanto, algumas divergências de interesse ou gosto podem atrapalhar bastante ou até inviabilizar a relação.
Enquanto escrevia este artigo, lembrei-me do que aconteceu em março de 2006, no Egito. Uma mulher pediu e obteve o divórcio em um tribunal do Cairo, alegando não suportar a falta de higiene e o mau cheiro do marido. O casal vivia junto há oito anos e morava com seus três filhos. Os juízes convocaram o marido para dar explicações, e como ele não compareceu ao tribunal, decidiram conceder o divórcio por "incompatibilidade de odores".
Na realidade, quanto menos dependência houver entre o casal, mais fácil será encontrar um caminho para conviver com as diferenças. Além disso, a forma como as pessoas são afetadas por elas é decisiva para o desenrolar da vida a dois. Alguns não se incomodam de ceder: o que para um é fundamental, pode não ter muita importância para o outro. Mas nem sempre isso acontece, como fica claro no exemplo da egípcia acima.
Podemos refletir sobre algumas situações: se num casal um dos parceiros adorar ir à praia e o outro detestar? Como se resolve esse impasse? O que gosta abre mão do seu prazer ou o que odeia praia vai sem vontade e fica infeliz, de mau humor? Esse caso não é nada complicado para casais que prezam a liberdade e não se propõem a viver uma relação simbiótica. Quem gosta de praia vai à praia. Quem não gosta escolhe qualquer outra coisa para fazer. Depois os dois se encontram. Aliás, para quem tem uma relação estável, oportunidade para isso é o que não falta.
Entretanto, existem situações bem mais difíceis de se chegar a um acordo, e o prazer da convivência pode ficar comprometido. Resolvi fazer um levantamento sobre essa questão, consultando 30 pessoas. Perguntei a cada uma o que, para ela, tornaria impossível uma vida a dois, por mais que amasse a outra pessoa.
Estas foram algumas das respostas obtidas: "Não poderia conviver com uma mulher que fumasse. Tenho alergia, além de odiar o cheiro."; "Adoro almoçar feijoada aos sábados e não vivo sem carne vermelha. Já pensou ter que aguentar o olhar de censura de um marido vegetariano fanático?"; "Adoro esportes e vida ao ar livre. Andar de bicicleta, correr na praia, nadar, velejar. Nunca poderia conviver com uma mulher preguiçosa, paradona."; "Detesto ir a bares e dormir tarde. Faço ginástica todos os dias às seis da manhã. Não aguentaria um homem que fosse da noite e gostasse de beber." ; "Detesto dançar e ouvir música alta. O único programa que ela queria fazer era exatamente sair para dançar!"
O que fazer, então, quando as pessoas se gostam, sentem tesão uma pela outra, mas são incompatíveis como as citadas acima? Para começar, não existe um único modo de relação amorosa. Pelo contrário, são inúmeras as formas de se ter uma vida afetiva e sexual com alguém. A grande saída talvez seja estabelecer com o outro um tipo de vínculo em que os dois só se encontrem quando sentirem vontade e façam apenas o que ambos desejarem.
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