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Regina Navarro Lins

Para a mulher ter orgasmo

Regina Navarro Lins

28/09/2013 07h00

Mulher sem orgasmo

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso da mulher que não consegue, há algum tempo, ter orgasmo com o marido. Isso não é raro. A maioria das pesquisas mostra que 60% das mulheres têm dificuldade para atingir o orgasmo. Sem dúvida, é um número muito alto e significa que a maioria delas desconhece o mais intenso prazer físico que um ser humano pode experimentar.

Até algumas décadas atrás, isso não era motivo de preocupação. O sexo para a mulher era apenas uma obrigação, visando ao prazer do homem e à procriação, e seu orgasmo não era nem cogitado. Agora, as mulheres reivindicam o prazer e se sentem péssimas se nunca atingem o orgasmo.

Muitas vezes isso se torna um problema tão sério que leva a mulher a evitar o sexo, como forma de se proteger da frustração, e acaba afetando sua autoestima, prejudicando outras áreas da vida. A ansiedade pode ser tanta que muitas fingem o orgasmo para corresponder à expectativa do parceiro.

Raramente a falta de orgasmo se deve a um problema orgânico. Suas causas são variadas:

— Tabus e preconceitos quanto ao sexo fazem com que muitas mulheres fiquem tensas, não se sentindo livres para participar ativamente do ato sexual, descobrindo suas áreas mais sensíveis, as posições que lhe dão mais prazer e comunicando isso ao parceiro.

— Conflitos inconscientes evocados pelas sensações eróticas, sentimentos de culpa em relação à sexualidade, hostilidade inconsciente ao parceiro.

—O medo de se entregar às sensações pode fazer com que a mulher fique alerta, controlando tudo, mesmo sem perceber. A excitação, assim, só chega até certo ponto, não atingindo a fase de platô, que é o nível de excitação máximo necessário para desencadear o orgasmo.

—A preocupação excessiva em ter orgasmo gera ansiedade, impedindo o relaxamento necessário para desencadeá-lo.

Mas os homens não têm nada a ver com o orgasmo da mulher? Têm e muito. A maioria deles ainda está presa ao mito da masculinidade e vai para o ato sexual para cumprir uma missão: provar que é macho. Mas o medo de falhar, de o pênis não se manter ereto, é grande.

Aí ocorre o desencontro. Para a mulher é fundamental que a fase do platô — que antecede a fase do orgasmo — se prolongue ao máximo para que seus órgãos genitais sejam irrigados com bastante sangue, proporcionando alto nível de excitação.

O homem, por desconhecimento ou por ansiedade, quando seu pênis fica ereto, parte para a penetração, supondo estar a mulher tão excitada quanto ele. Só que ela necessita de pelo menos três vezes mais tempo que ele para estar no mesmo nível de excitação. Não estando suficientemente lubrificada, não está pronta para a penetração nem para o orgasmo.

Em outros casos, a mulher está bastante excitada mas mesmo assim não consegue ter orgasmo. Quando o homem penetra a mulher, parece haver uma certa pressa em ejacular. Ele vai se concentrando num esforço para expulsar o esperma. Aí é que reside o problema.

A maioria dos homens acredita que, se houve ereção e eles ejacularam, foi tudo ótimo. Então, a frequência do vaivém dentro da vagina é rápida, no mesmo ritmo e na mesma trajetória (ida e volta sempre da mesma forma).
Ele em pouco tempo ejacula, mas a mulher dificilmente chega ao orgasmo.

Ao contrário, se o movimento depois da penetração for mais lento e circular, de forma a tocar toda a parede do canal vaginal e pressionar o ponto G, a mulher atingirá o orgasmo mais facilmente.

É muito provável que, libertando-se dos modelos de amor, casamento e sexo, impostos pela cultura patriarcal, que transformou o sexo num meio de afirmação da masculinidade para os homens e de submissão para as mulheres, ambos comecem a usufruir livremente da troca de sensações de prazer, e o orgasmo se torne muito melhor e fácil de ser alcançado.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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