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Regina Navarro Lins

O orgasmo fingido do homem

Regina Navarro Lins

31/08/2013 07h00

Ejaculação retardada

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso do homem que não consegue ter orgasmo na transa com as mulheres. Seu relato me fez lembrar o caso de Bruna, que há algum tempo chegou aflita ao meu consultório. Mal sentou no sofá foi logo dizendo:

"Por favor, me ajude! Estou há um mês saindo com um cara e sei que ele sente muito tesão por mim, mas das três primeiras vezes que transamos, vi que ele não gozou nenhuma! Aliás, gozou uma com masturbação. E olha que demoramos na relação, mudamos posições, mas aí eu já estava cansada e ele também. O pior é que ele terminava com o pênis ainda ereto, mas nada! Fiquei muito desapontada e chorei na frente dele, dizendo que seria melhor terminarmos tudo. Eu estava me sentindo a última das mulheres. Ele ficou ansioso e me disse que com o tempo as coisas melhorariam. Enfim, quis continuar a relação. A partir de então, ele passou a gozar e depois ia ao banheiro tirar a camisinha. Só que agora descobri que ele finge orgasmo. Trancado no banheiro ele se masturba! Por quê? Sei que ele sente tesão por mim, ele fica excitado só de me encostar. Me ajude por favor, não quero criar um trauma e gosto muito dele."

Não é segredo para ninguém que muitas mulheres fingem orgasmo, mas o fato de homem também fingir é desconhecido da maioria. Isso geralmente ocorre quando ele apresenta uma disfunção sexual denominada ejaculação retardada e fica constrangido por não atingir o orgasmo, como parece ser o caso do internauta. Após uma longa tentativa, alguns fingem ejacular e esperam a parceira dormir para se masturbarem em segredo.

Na ejaculação retardada há inibição específica do reflexo ejaculatório. Um homem com essa disfunção responde aos estímulos sexuais com sensações eróticas e uma ereção firme. Contudo, é incapaz de ejacular, mesmo que a estimulação que ele receba seja mais do que suficiente para disparar o reflexo orgásmico.

O grau de gravidade da ejaculação retardada pode variar de uma inibição ocasional da ejaculação até o ponto de uma inibição de tal ordem que o homem jamais experimentou um orgasmo em toda sua vida. O mais comum é o homem não ser capaz de atingir o orgasmo durante a transa, apesar de todos os esforços para consegui-lo.

Muitas vezes ele prolonga ao máximo — até uma hora de duração — bebe, lança mão de fantasias, mas nada resolve. Entretanto, com frequência ejaculam sem dificuldade com a estimulação manual ou oral pela parceira. Muitos se empenham em proporcionar prazer à parceira, mas só atingem o orgasmo se retirarem o pênis e se masturbarem. Em alguns casos, o homem não consegue se masturbar na presença da mulher e se retira para outro cômodo a fim de obter alívio da tensão sexual.

Como a mulher demora mais tempo que o homem para atingir o orgasmo, muitos supõem que essa disfunção seja benéfica para ela. Mas o que ocorre é o contrário. A maioria das mulheres se sente mal ou porque vive como uma rejeição a elas ou porque, no plano mais objetivo, o excessivo prolongamento do ato sexual, com impulsos constantes, leva ao cansaço e ao desprazer.

Os terapeutas sexuais empregam uma combinação integrada de técnicas psicoterapêuticas associadas a experiências sexuais especificamente estruturadas para tratar do ejaculador retardado. Os sexólogos americanos Masters e Johnson informam haver obtido a cura de dez pacientes dos 17 que trataram.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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