Desejo pelos dois sexos
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso do homem que sente desejo pela esposa e também por outros homens. Apesar de os bissexuais serem acusados de indecisos, de não conseguirem se definir, de estarem em cima do muro, é grande o número de homens casados nessa situação.
O pesquisador americano Alfred Kinsey concluiu que a homossexualidade e a heterossexualidade exclusivas representam extremos do amplo espectro da sexualidade humana. Para ele, a fluidez dos desejos sexuais faz com que para cada heterossexual exista pelo menos uma pessoa que sinta, em graus variados, desejo pelos dois sexos. E estudos revelam que a quantidade de homens casados que se envolvem regularmente em atividades homossexuais aumentou muito nos últimos tempos.
Em 1975, a antropóloga americana Margareth Mead declarou: "Acho que chegou o tempo em que devemos reconhecer a bissexualidade como uma forma normal de comportamento humano. É importante mudar atitudes tradicionais em relação ao homossexualidade, mas realmente não deveremos conseguir retirar a carapaça de nossas crenças culturais sobre escolha sexual se não admitirmos a capacidade bem documentada (atestada no correr dos tempos) de o ser humano amar pessoas de ambos os sexos."
Entretanto, quase todas as pessoas afirmam que romperiam um namoro ou casamento se descobrissem que seus parceiros são bissexuais. Mas isso é uma questão cultural. Na Grécia Clássica (século V a.C.) a iniciação sexual de um jovem se dava com o seu tutor. Era considerado natural que os cidadãos gregos casados e respeitáveis tivessem relações sexuais com as esposas, as concubinas, as cortesãs e os efebos (jovens rapazes).
Marjorie Garber, professora da Universidade de Harvard, que elaborou um profundo estudo sobre o tema, compara a afirmação de que os seres humanos são heterossexuais ou homossexuais às crenças de antigamente, como: o mundo é plano, o sol gira ao redor da terra. Acreditando que a bissexualidade tem algo fundamental a nos ensinar sobre a natureza do erotismo humano, ela sugere que em vez de hétero, homo, auto, pan e bissexualidade, digamos simplesmente "sexualidade".
Será que o amor pelos dois sexos se tornará uma opção cada vez mais comum a ponto de predominar? A bissexualidade, como muitos afirmam, vai ser mesmo o sexo do futuro?
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