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Regina Navarro Lins

Amor e sexo são independentes

Regina Navarro Lins

28/05/2013 10h41

Casal sem intimidade na cama

Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

A grande maioria das pessoas que responderam à enquete da semana considera que o sexo pode ser bom mesmo não existindo amor entre os envolvidos. Entretanto, há quem afirme o contrário.

Penso que isso não passa de mais uma tentativa de restringir a sexualidade feminina. Nunca se fez essa exigência ao homem. Ao contrário, sempre se aceitou que ele fizesse sexo com qualquer mulher. O que o homem não podia era recusar. Para provar que era macho tinha que estar o tempo todo pronto para o ato sexual.

Com a mulher a história é bem diferente. Até algumas décadas atrás, caso ela gostasse de sexo, não podia demonstrar de jeito nenhum. Isso a desqualificaria como esposa. Ela devia apenas cumprir o dever conjugal: satisfazer o marido e lhe dar filhos.

Com a mudança das mentalidades, da década de 60 para cá, se começou a aceitar que a mulher tivesse prazer sexual, mas apenas com o marido ou com o homem que amasse. Se não fosse assim, seria considerado falta de decência. É por isso que, atualmente, ainda encontramos quem insista em afirmar que é da natureza feminina só desejar sexo se existir amor.

Há também as pessoas que argumentam que sexo com amor é muito melhor. Claro, tudo o que se faz com amor é melhor, até mesmo um bolo de chocolate. Até aí nenhuma novidade. Ir à praia, ao cinema, tomar sorvete… com a pessoa amada pode ser mesmo muito melhor, e o sexo também. Mas desejo sexual e amor são emoções distintas, que podem existir juntas ou separadas.

Não há motivo para o sexo não ser ótimo, quando praticado entre duas pessoas que sentem atração e desejo uma pela outra. Porém, é comum o medo de que, sem amor, quando a relação sexual chegar ao fim, a frustração e uma sensação de vazio tomem conta da pessoa. Sem dúvida, isso vai ocorrer se existir pretensão de algo diferente do próprio prazer sexual. A frustração só ocupa o espaço de uma expectativa não satisfeita.

O problema é que, como o sexo não é visto como natural, costuma-se misturar as coisas e se busca algo mais do que o prazer: continuidade da relação, namoro ou casamento. Aí a frustração não é pelo sexo e sim por um projeto que não se realizou.

Se duas pessoas vão para o ato sexual buscando simplesmente obter e proporcionar prazer, e isso acontece, por que não seria muito bom para os dois?

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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