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Regina Navarro Lins

O desejo de novas experiências sexuais

Regina Navarro Lins

14/05/2013 07h06

Imagem de um casal e a moça cheia de ideias para o sexo

Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

Quase todos que responderam à enquete da semana gostariam de experimentar algo no sexo. Recebi o e-mail abaixo, que ilustra bem o desejo e o temor de transgredir o comportamento aceito socialmente.

"Sou casada há oito anos; meu marido se diz tarado por mim e ultimamente vem me provocando com ideias de curtir certas fantasias, tipo um ménage (eu, ele, e outra mulher bonita e loira). Achei a proposta tentadora e sempre que transamos fico imaginando a cena e a vontade cresce. Tenho sonhado muito com o sexo a três. Chego ao ponto de acordar excitada. Mas tive um educação familiar religiosa, costumo ler a Bíblia e tenho pânico de ofender ao meu Deus. Também não sei se valeria a pena, tenho medo do dia seguinte. De vez em quando meu marido tem vontade de me ver com outro, e fico excitada em imaginar ele com uma mulher bonita que o deseje de verdade. Não sei se na hora teria ciúme, mas que eu tenho vontade tenho. Na verdade gostaria de ter certeza de que todas essas fantasias não são pecado ou apenas apimentariam meu casamento — quando curtidas de vez em quando, não gostaria que fosse frequente."

Muitos são os exemplos de desejos nem sempre colocados em prática. Não podemos esquecer que durante longos séculos o sexo foi considerado abominável. Com muita condescendência foi permitido no casamento, e mesmo assim, só para a procriação.

Durante o ato sexual, uma única posição era permitida: o homem estendido sobre a mulher, ela deitada de costas de pernas abertas, a famosa papai-e-mamãe. No século 15, havia a crença de que quando as mulheres ficavam por cima do homem enlouqueciam, e se ficassem na posição de quatro, os filhos nasceriam aleijados. Claro que hoje ninguém mais acredita nisso, mas o sexo como algo perigoso ficou no inconsciente de todos.

A descoberta da pílula anticoncepcional mudou muito as mentalidades. Pela primeira vez na história o sexo se dissociou da procriação, podendo se aliar ao prazer. E as pessoas passaram a desenvolver cada vez mais o prazer sexual.

Entretanto, encontramos ainda muita gente com inibições, censuras e tabus. Quantos desejos e fantasias são reprimidos por fugirem do padrão estabelecido? Quantos homens limitam seu próprio prazer e o de suas namoradas ou esposas e procuram mulheres fora de casa? E as mulheres que são censuradas ou censuram qualquer tentativa de escapar das regras estabelecidas?

Existem práticas que são alvo de maior preconceito, apesar de toda a liberação sexual. Sexo com mais de duas pessoas na cama, estão entre elas. Em alguns casos um dos parceiros tenta romper essa barreira e se frustra por não conseguir.

Mas o que não vale fazer na cama é constranger o outro, insistir para que faça algo que não tem vontade. Só vale o que é prazeroso para os dois. Esse é um critério que não tem erro, muito simples de ser adotado. Mesmo porque, qualquer coisa que se faça por obrigação ou só para agradar tem seu preço cobrado depois, e é altíssimo.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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