Os caminhos para o orgasmo da mulher

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso da mulher que não consegue ter orgasmo e se sente cobrada pelo marido. A ausência de orgasmo da mulher é uma história antiga. Durante muito tempo ela foi privada do orgasmo, por ele não estar vinculado à procriação. Só mais tarde foi admitido, mas com muita cautela. E a mulher que atingia o gozo sem amor era tida como ninfomaníaca.

A impossibilidade de atingir o orgasmo denomina-se anorgasmia e é a mais frequente das disfunções sexuais femininas. As estatísticas apontam que há apenas 25% de mulheres orgásticas e 75% de mulheres que apresentam algum tipo de dificuldade em alcançar máximo de prazer.

Entretanto, todas as mulheres são capazes de ter orgasmo, a não ser que estejam sofrendo de alguma doença neurológica, endocrinológica ou ginecológica, que tenha destruído a base física do orgasmo, mas isso é muito raro. A maioria das causas é psicológica; entretanto é importante que se faça uma avaliação com especialista – ginecologista, fisioterapeuta uroginecológica, terapeuta sexual – para obter a orientação adequada.

Do ponto de vista psicológico, tabus e preconceitos impedem a participação ativa da mulher no ato sexual. Vergonha e culpa não permitem que comunique ao parceiro as áreas do corpo mais sensíveis e as posições que lhe dão mais prazer. O medo de se entregar às sensações faz com que fique alerta, controlando tudo, mesmo sem perceber. Isso sem falar que há casos em que mágoas, ressentimentos, ou mesmo hostilidade inconsciente ao parceiro, não favorecem em nada a sintonia necessária entre os dois.

A excitação, assim, só chega até certo ponto, não atingindo a fase de platô, que é o nível de excitação máximo necessário para desencadear o orgasmo; a preocupação excessiva em alcançá-lo gera ansiedade, não proporcionando o relaxamento necessário.

Entretanto, os homens têm muita responsabilidade no orgasmo da mulher. Estudos informam que 80 % das vezes, o homem penetra a mulher antes que ela esteja pronta. Grande parte deles ainda está presa ao mito da masculinidade – força, sucesso, poder – e vai para o ato sexual para cumprir uma missão: provar que é macho. Mas o medo de falhar, de o pênis não se manter ereto, é grande. Aí, ocorre o desencontro.

Na relação a dois, a contribuição do homem é fundamental para o prazer da mulher. E isso é necessário porque nem a mais livre e sensual das mulheres terá orgasmo algum se não receber o estímulo apropriado. É fundamental então que homens e mulheres reflitam sobre crenças e valores aprendidos e tentem aos poucos ir se livrando do moralismo e dos preconceitos para poder experimentar um sexo bem mais prazeroso.