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Regina Navarro Lins

Sem tesão no casamento

Regina Navarro Lins

19/03/2013 14h00

Imagem de um casal na cama e a mulher pensando em outra coisa.

Ilustração: Lumi Mae

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria que respondeu à enquete da semana acredita que o tesão diminui com o tempo. Não há dúvida de que existem casamentos ótimos do ponto de vista afetivo e sexual, mas não correspondem à maioria. É muito maior do que se imagina o número de mulheres que fazem sexo sem nenhuma vontade. Há muitas tentativas de postergar a obrigação que elas se impõem para manter o casamento, mas às vezes não tem jeito.

Quando o marido se mostra impaciente, o carinho e a amizade que sente por ele, ou o medo de perdê-lo, faz com que a mulher se submeta ao "sacrifício". Quando a mulher perde o tesão pelo marido, deseja intensamente voltar a senti-lo. Principalmente, se a convivência é prazerosa e o marido possui diversas características que lhe agradam. Entretanto, bom relacionamento conjugal não leva necessariamente a relações conjugais eróticas.

O número de homens que perde o tesão é bem menor do que o de mulheres. Para cada homem que não tem vontade de fazer sexo há, pelo menos, quatro mulheres nessa situação. Alguns fatores contribuem para isso. O homem, na nossa cultura, é estimulado a iniciar a vida sexual cedo e se relacionar com qualquer mulher. Outra razão seria a necessidade de expelir o sêmen e, por último, a sua ereção rápida, na medida em que necessita de menos quantidade de sangue irrigando seus órgãos genitais.

Alguns dizem que para solucionar esse problema é necessário quebrar a rotina e ser criativo, o que não passa de um equívoco. É o desejo sexual intenso que leva à criatividade, e não o contrário. É importante também saber que a falta de desejo sexual no casamento nada tem a ver com falta de amor. Muitas mulheres amam seus maridos, não conseguem imaginar a vida sem eles, gostam de ficar abraçadas, bem junto, fazendo carinho. Só não sentem desejo sexual algum.

Mas por que o desejo acaba no casamento? Mesmo que os dois se gostem, a rotina, a excessiva intimidade e a falta de mistério acabam com qualquer emoção. Numa relação estável busca-se muito mais segurança que prazer. Para se sentirem seguras, as pessoas exigem fidelidade, o que sem dúvida é limitador e também responsável pela falta de tesão.

A certeza de posse e exclusividade leva ao desinteresse, por eliminar a sedução e a conquista. Familiaridade com o parceiro, associada ao hábito, pode provocar a perda do desejo sexual, independente do crescimento do amor e de sentimentos como admiração, companheirismo e carinho.

O que fazer quando o tesão acaba é uma questão séria, principalmente para os que acreditam ser importante manter o casamento. Na grande maioria dos casos não se trata de problema pessoal ou daquela relação específica, e sim fato inerente a qualquer relação prolongada, em que a exclusividade sexual é exigida. Essa informação pode evitar acusações mútuas, em que se busca um culpado pelo fim do desejo. O preço é a decepção de ver se dissipar o ideal do par amoroso.

No entanto, a partir daí fica mais fácil cada um decidir o que fazer da vida. As soluções são variadas, mas até as pessoas decidirem se separar, há muito sofrimento. Alguns fazem sexo sem vontade, só para manter a relação. Outros optam por continuar juntos, vivendo como irmãos, como se sexo não existisse. E ainda existem aqueles que passam anos se torturando por não aceitar se separar nem viver sem sexo.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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