O “estupro corretivo” é um casamento entre o preconceito e o crime
Apesar de se tratar de uma violência sexual contra a mulher, o estupro para "corrigir" a orientação sexual de mulheres é diferente do estupro contra mulheres heterossexuais. "Há nele um requinte de machismo associado à lesbofobia, o que traz uma enorme crueldade.", explica Irina Karla Bacci, mestre em direitos humanos e cidadania pela Universidade de Brasília, ex-ouvidora do Ministério de Direitos Humanos, ao UOL.
Segundo Irina, nesses crimes, os abusadores agem com mais violência, por considerarem a mulher mais frágil, mas, por ser lésbica, merecer "sofrer como um homem". É comum também a pregação, com frases como "vai aprender a gostar de homem"
Entre as vítimas está Laís, 25 anos, que ouviu durante o ataque questionamento se ela era homem ou mulher e agressões verbais do tipo: "Toma, mulher macho!"
O "estupro corretivo" é um casamento entre o preconceito e o crime, muitas vezes com o consentimento quase inacreditável dos pais da vítima. O resultado para a mulher que sofre o suposto "corretivo" é dramático. A recuperação é lenta e difícil.
O Senado aprovou, em agosto do corrente ano, proposta de emenda à Constituição que torna imprescritíveis os crimes de estupro. Isso quer dizer que não há mais limite temporal para a denúncia.
Muitos são os casos em que a vítima teme revelar quando e de quem foi vítima, porque o ataque partiu de alguém da família, um pai por exemplo, ou alguém que conhece a vítima, caso do pastor de Olinda (PE) acusado de estuprar uma adolescente em 2015. Ele descobriu uma relação homoafetiva da menina e resolveu tomar as "providências".
A saída é a denúncia, a lei e o fim dos preconceitos contra a homossexualidade, que deve ser ensinada nas escolas a ser percebida como tão normal quanto a heterossexualidade. Por meio da educação e do fim do machismo, será possível que essa barbárie seja confrontada e, num futuro sonhado, banida.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.