Vida a dois em silêncio
A questão da semana é o caso do internauta, 30 anos, que está há dez meses no seu primeiro namoro. Diz que ele e a namorada são irônicos um com o outro, cada um acha que está com a razão. Já viajaram juntos e ficaram quase dois dias sem se falar. Ele quer saber o que fazer para lidar com suas personalidades impulsivas e que têm produzido silêncios infinitos.
"Ocorre um desperdício de oportunidades, sempre que um encontro se realiza e nada acontece. Na maior parte dos encontros, orgulho ou cautela ainda proíbem alguém de dizer o que sente no mais fundo do íntimo. O ruído do mundo é feito de silêncios.", diz o historiador inglês Theodore Zeldin.
Parece ser esse o caso vivido pelo internauta e sua namorada. No amor, muitos têm dificuldade de estabelecer uma relação de intimidade com o outro.
As pessoas inseguras supõem que a intimidade as torna vulneráveis e tendem a viver este fenômeno como uma situação perigosa, às vezes até angustiante, e a sentir um grande medo dela.
A intimidade é temida pelos mais variados motivos. Pelo receio de nos entregarmos a ela, de nos fundirmos com o outro, de ficarmos desprotegidos.
O psicoterapeuta italiano Willy Pasini diz que a intimidade exige o abandono da couraça que protege o que temos de mais íntimo: quanto mais a intimidade é compartilhada, mais o outro tem livre trânsito para as nossas coisas mais secretas.
Mas só uma autoestima elevada levam a viver tal "despir-se" como oportunidade, e não como ameaça. Quem pensa que deve esconder as partes de si que considera inconfessáveis vive inevitavelmente a intimidade como se fosse um risco pessoal.
Há casais em que os ressentimentos dominam a relação, e eles não são capazes de se unir nem de se separar. Passam a vida juntos, frios um com o outro, sem conseguir realmente se comunicar.
Será que existe alguma razão que justifique um relacionamento como esse?
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