As fases de um casamento
Comentando a Pergunta da Semana
As pessoas que responderam à enquete da semana acreditam que uma relação estável passa por diversas fases diferentes.
Quando alguém deixa de ser amado é tomado por uma profunda angústia – seja porque foi abandonado ou porque abandonou — e é invadido pela sensação de falta e de solidão.
O cientista francês Jacques Ruffié afirma não ter dúvidas de que o hábito, que causa exigência e tédio, pode levar à separação. Ele enuncia as diversas fases por que passa a vida da maioria dos casais:
1a – Uma fase de início em que cada um idealizando o outro se esforçando para satisfazê-lo. Ao mesmo tempo o casal se afasta do resto do mundo.
2a – Uma fase de primeira crise com o contato do real; os defeitos mais gritantes começam a ser percebidos. Essa fase é geralmente superada graças à atração recíproca, ainda viva, que um parceiro sente pelo outro.
3a – Uma série de crises surge podendo acarretar:
a) a ruptura. A vida em comum torna-se insuportável. O casamento explode sob o efeito do conflito e dos apelos do mundo externo;
b) em alguns casos, sentindo esse perigo de explosão, o casal se retrai por uma espécie de reflexo de autodefesa e tenta reprimir a agressividade.
4a – Uma calmaria aparente muitas vezes disfarça um aumento de rancor e de incompreensão. É então que uma crise, mais violenta porque adiada, explode no momento em que menos se espera.
5a – O casal pode persistir ao preço de muitas renúncias. Cada um se despersonaliza.
6a – Os dois percebem seus limites, suas próprias forças e a realidade de um fracasso parcial. A fantasia ideal do início dá lugar a uma versão mais realista. Cada um se torna mais autônomo.
Se as desavenças são abordadas de frente, e essa crise aparecer bem cedo na vida, numa época em que a atração entre os dois parceiros ainda é grande, ela pode ter um efeito construtivo — fazendo nascer um diálogo real, revelando novas diferenças e novas afinidades.
Mas é preciso saber que o equilíbrio jamais é definitivo, pois as pessoas se modificam.
Para Ruffié, o laço conjugal, fixo e inalterável, no plano biológico é uma ficção que nossa fraqueza amorosa e nossa instabilidade afetiva assinam.
Ele acredita que se os casais deixassem de associar a fidelidade à sexualidade seria positivo para o casamento, na medida em que a mudança periódica de parceiros provoca, a cada vez, um aumento do desejo sexual.
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