É preciso aprender a ser só
A questão da semana é o caso do internauta, casado há 24 anos, cuja esposa alega que houve desgaste na relação e que necessita liberdade e independência e ninguém para atrapalhá-la. Ela se mudou para a casa de uma amiga. A dúvida dele é se aceita logo a decisão dela ou insiste em continuar o casamento.
No Ocidente, desde cedo, somos levados a acreditar que a vida só tem graça se encontrarmos um grande amor. Quando acontece, a expectativa é a de que vamos nos sentir completos para sempre, nada mais nos faltando.
Isso é impossível, evidente, mas as pessoas se esforçam para acreditar e só desistem depois de fazer inúmeras concessões inúteis.
A história que o internauta relata parece ser igual à de muitas pessoas que, ao iniciar um relacionamento, transformam o outro na única fonte de interesse.
O grande dilema no amor hoje se situa entre o desejo de simbiose – ficar fechado numa relação – e o desejo de liberdade. E este último parece estar predominando.
Entretanto, não é fácil deixar o hábito de formar um par. Fomos condicionados a desejá-lo, convencidos de que se trata de pré-requisito para a felicidade.
Após longos anos de casamento, geralmente, passa a ser fundamental continuar tendo alguém ao lado, pagando-se qualquer preço, mesmo quando predominam as frustrações.
Não ter um par significaria não estar inteiro, ser incompleto, ou seja, totalmente desamparado. Deixar de ser amado ou desejado afeta a autoestima, e as inseguranças reaparecem. A pessoa se sente desvalorizada, duvidando de possuir qualidades.
E para piorar tudo, não são poucos os que abrem mão da liberdade e da independência, tornando-se mais frágeis em caso de ruptura.
A condição essencial para ficar bem sozinho é o exercício da autonomia pessoal. Isso significa, além de alcançar nova visão do amor e do sexo, se libertar da dependência amorosa exclusiva e "salvadora" de alguém.
O caminho fica livre para um relacionamento mais profundo com os amigos, com crescimento da importância dos laços afetivos.
É com o desenvolvimento individual que se processa a mudança interna necessária para a percepção das próprias singularidades e do prazer de estar só.
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