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Regina Navarro Lins

Ansiedade e medo de fracasso podem ser explicações para falta de ereção

Regina Navarro Lins

29/10/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso da internauta que ama muito o namorado, mas ele não consegue ter ou manter ereção quando transam. Ela pergunta se ele não a ama, se não a deseja. Não sabe o que fazer e já pensou em terminar o namoro.

O fato de um homem não conseguir ereção não tem necessariamente a ver com amor ou desejo. Mas é uma questão que sempre atormentou homens e mulheres.

Pela História temos exemplos de comportamentos sociais bem estranhos a respeito da ausência de ereção. O mais conhecido talvez seja a criação do "Tribunal da Impotência", na França, na Idade Média (século 5 ao 15).

Uma mulher podia acusar o marido de impotência e com isso conseguir a anulação do casamento. Claro que não era simples provar sua acusação.

No século 12, ainda se aceitavam provas como juramento dos maridos, testemunhos de sete vizinhos que "ouviram dizer" que o homem era impotente, até suplícios como caminhar sobre ferros quentes para provar a inocência.

A verificação da impotência foi se aperfeiçoando. O bispo deveria indicar sete parteiras para examinar as partes genitais da esposa, a fim de verificar se o hímen foi rompido.

A medicina medieval aconselhou o ato sexual público de marido e mulher quando havia acusação de impotência. O médico, com autorização da justiça, primeiro examinava os órgãos genitais de ambos.

Depois, uma mulher respeitável assistia o casal deitado durante alguns dias. Ela lhes dava alimentos afrodisíacos, fazia massagem com óleos, ordenava-lhes que se acariciassem e se beijassem. Ao final, transmitia ao médico o que tinha visto. E então ele podia depor em juízo.

Todo esse processo era dramático para o homem, levado sob os gritos da multidão para a casa onde se lhe exige que cumpra o seu dever conjugal.

Além do ridículo que experimenta, o marido é ameaçado, em caso de fracasso, de ser separado da mulher, de ter de devolver o dote e de ser condenado ao celibato para o resto dos seus dias.

Bom…não é à toa que a maior preocupação do homem no sexo seja não obter ereção, mesmo que seja eventual. A cultura ocidental, além de esperar que ele seja forte, corajoso e tenha sucesso em tudo, associou a ideia de masculinidade à potência sexual.

Muitas vezes o pavor de novo fracasso pode criar um círculo vicioso. Se um homem fica ansioso durante o ato sexual, são liberadas substâncias como a adrenalina, afetando o funcionamento do seu sistema nervoso autônomo.

Isso leva à contração dos vasos sanguíneos, impedindo o fluxo de sangue para o pênis, o que torna difícil obter ou manter a ereção. A preocupação com o desempenho acaba, então, dificultando a ereção.

A falha da ereção episódica é normal, entretanto quando se torna repetitiva e principalmente acarreta angústias e interfere na qualidade de vida, pode ser considerada disfunção erétil.

Estudos mostram que após os 40 anos, 52% dos homens apresentam algum grau de disfunção erétil e destes 27% apresentam essa disfunção de forma leve.

É importante que a disfunção erétil seja avaliada por um médico urologista, especializado em disfunções sexuais masculinas. A questão é que a maioria dos homens demora alguns anos para buscar ajuda.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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