O que as mães que matriculam as filhas numa “escola de princesas” têm na cabeça?
Comentando a Pergunta da Semana
A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana não matricularia sua filha em uma escola de princesas.
É inacreditável, mas a " escola de princesas" está se expandindo! Nela, meninas de quatro anos em diante aprendem etiqueta, culinária, organização de casa e recato.
A dona da escola diz que o sonho de toda menina é ser princesa. Será? Se isso for verdade….é muito triste, não é?
O que essas mães, que matriculam suas filhas numa escola dessas, têm na cabeça? Talvez lhes falte conhecer a história das mulheres.
É bom explicar pra elas que as mulheres sempre foram consideradas inferiores. Diziam que temos o cérebro úmido e por isso somos incompetentes, incapazes, desinteressantes.
Sempre foi exigido das mulheres a obediência e a submissão ao marido. Tinham que ficar quietinhas no espaço privado do lar, se esforçando para cumprir bem as únicas funções que lhes eram permitidas: mães e donas de casa.
A luta das mulheres pela emancipação tem sido árdua. O movimento feminista, iniciado nos anos 60 tenta pôr fim à discriminação.
Mas quando se pensa que estamos evoluindo, ondas conservadoras mostram suas garras. Foi o que aconteceu nos anos 80 em reação ao avanço das mulheres.
Na época, a mídia divulgou alarmantes sinais de que as mulheres haviam perdido muito com sua revolta contra a histórica opressão masculina.
A revista Newsweek acusava as solteiras de ganância, por buscarem um alto salário ao invés de um marido.
O New York Times disse que mulheres solteiras e independentes estavam "deprimidas e confusas" devido à "falta de homens".
A Harper`s Bazar opinou dizendo que o movimento feminista deu às mulheres mais perdas do que ganhos.
Uma terapeuta americana prega em seu livro que as mulheres devem obedecer e ser submissas a seus maridos; jovens declaram não querer ter profissão, mas se realizarem como donas-de-casa.
As tentativas de voltar no tempo continuam. As "escolas das princesas" estão aí para provar isso.
Ano passado, a ONU alertou para o retrocesso que estão sofrendo as liberdades fundamentais das mulheres em muitos lugares do mundo. E advertiu sobre o perigo de que os avanços conquistados durante anos de luta pela igualdade se percam.
Em vez de uma escola de princesas, só para as meninas aprenderem a agradar aos futuros pretendentes, por que não um curso para meninas e meninos juntos?
Lá , eles poderiam começar a aprender a importância de dividir as despesas de casa, dividir o trabalho doméstico, dividir o cuidado com os filhos…
Além de aprender a importância do total respeito ao outro e ao seu jeito de ser, suas ideias e suas escolhas.
Eu ainda não conheço esse tipo de escola, mas lá do Chile vem um exemplo bem interessante.
É o curso de "Desaprincesamento", ou seja, um curso pra deixar de ser princesa. Ele é oferecido por uma casa de Cultura, com o apoio de uma Secretaria de Proteção de Direitos da Infância.
As meninas aprendem que nenhuma mulher precisa de um príncipe encantado para ser feliz. Há debates e aulas variadas, até de defesa pessoal.
As mães precisam decidir o que desejam:
— matricular a filha numa "escola de princesas", onde ela vai aprender a ser passiva e recatada, sempre ajustando a sua imagem ao que imagina ser as exigências dos homens
— ou optar pelos ensinamentos da "escola das desprincesas", onde as meninas possam desenvolver seus talentos e capacidades, para se expressar no mundo cada vez mais de forma independente e corajosa.
É bom lembrar que as mulheres foram cúmplices na perpetuação do sistema que as oprime, acreditando na inferioridade da mulher e transmitindo isso aos filhos de ambos os sexos.
Apesar dessas ondas conservadoras que tentam limitar os avanços do Movimento Feminista, ele se consolida cada vez mais nos países ocidentais.
As novas gerações demonstram que nada será como antes. Isso é….se as crianças ficarem bem longe das absurdas "escolas de princesas".
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