O que mais se deseja hoje: estabilidade nas relações amorosas ou liberdade?
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da internauta que diz ser casada com um homem maravilhoso, o marido que sempre quis. Tem uma vida sexual intensa com ele. O problema que a perturba é o fato de se sentir invadida por um grande desejo de fazer sexo com vários outros homens.
"Novos mundos, novos sujeitos, novas emoções. No momento, estamos, pouco a pouco, aceitando que a experiência amorosa é fugaz e seu destino é a provisoriedade. Resta saber, portanto, para onde vai migrar a vontade de ir além do bom senso, o desafio de realizar o impossível ou o ímpeto de vencer a brevidade, em matéria de felicidade emocional. O amor romântico encarnava essas promessas. Em sua ausência, quem ou o que vai se ocupar do sentido da vida de cada dia ou da fantasia da sensação afetiva? Ainda o mesmo amor? Outras formas de amar? Ou outras maneiras de criar um mundo emocional sem a onipresença do romantismo? Difícil de responder; impossível não querer responder; a cada um a tarefa de procurar responder.", diz em um dos seus livros o psicanalista Jurandir Freire Costa.
Muitos devem estar criticando os desejos da internauta. Afinal, aprendemos a acreditar que quem ama, não deseja mais ninguém. A fusão com o outro, proposta pelo amor romântico, é extremamente sedutora. A grande maioria das pessoas acredita que não há remédio melhor para o nosso desamparo do que a sensação de nos completarmos na relação com outra pessoa.
Entretanto, nestas primeiras décadas do século 21, com tantas opções de vida, o que homens e mulheres mais desejam: estabilidade nas relações amorosas ou liberdade? Vivemos um período de grandes transformações no mundo, e, no que diz respeito ao amor, o dilema atual parece se situar entre o desejo de simbiose com o parceiro e o desejo de liberdade.
A filósofa francesa Elisabeth Badinter apresenta nosso triplo desafio: conciliar o amor por si próprio e o amor pelo outro; negociar nossos dois desejos — de simbiose e de liberdade —; adaptar, enfim, nossa dualidade à do nosso parceiro, tentando constantemente ajustar nossas evoluções recíprocas. O peso do indivíduo coloca o casal em xeque.
No passado havia a ideia de possessão e sacrifício pelo outro. A paixão significava uma escravidão. Embora haja pessoas ainda vivendo no passado, está surgindo uma nova dimensão do amor, onde há mais troca e a tentativa de um equilíbrio, sem sacrifícios.
As fantasias do amor romântico se baseiam na dependência entre os amantes. Por essa razão, elas não conseguem mais satisfazer os anseios daqueles que pretendem se relacionar com seus parceiros como eles são e viver de forma mais independente.
A tendência hoje é o desejo de viver um amor baseado na amizade. Para isso são necessárias novas estratégias, novas táticas por meio de experiências nunca antes tentadas.
Para conhecer o outro é preciso um encontro sem idealização, reproduzir o passado não é mais suficiente. Muitos gostariam de inventar uma nova arte de amar, e pela história fica claro que existem precedentes, portanto, é possível fazê-lo.
O amor romântico começa a sair de cena, levando com ele a idealização do par romântico, com a ideia dos dois se transformarem num só e, consequentemente, a ideia de exclusividade. Com isso, abre-se a possibilidade de se amar e de se relacionar sexualmente com mais de uma pessoa ao mesmo tempo.
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