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Regina Navarro Lins

O preço das diferenças

Regina Navarro Lins

21/06/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana não acha possível ter uma boa relação amorosa quando pensamos muito diferente do outro.

As diferenças entre as pessoas que formam um casal tendem a ser colocadas na balança: o que nos agrada no outro deve constituir o lado mais pesado.

O que se espera do parceiro é sempre uma boa vontade em relação a preferências de um e de outro, mas há limites, que estão geralmente associados à nossa visão do mundo, incluindo valores e crenças.

Se você, por exemplo, descobre durante o período de namoro que a pessoa com quem pretende conviver por bastante tempo é preconceituosa, e você não suporta pessoas preconceituosas, há um grande problema: o que fazer?

Há situações bem difíceis de lidar, e o prazer da convivência pode ficar comprometido. Resolvi fazer um levantamento sobre essa questão, consultando 30 pessoas.

Perguntei a cada uma o que para ela tornaria impossível a vida a dois, no que diz respeito à forma de pensar do outro. Estas foram algumas das respostas obtidas:

— "Não poderia conviver com uma mulher que não colocasse a educação de nossos filhos em primeiro lugar, acima de nossos prazeres"

— "Adoro a minha família, principalmente a minha mãe. Sou filha de criação. Não poderia suportar um marido que a tratasse mal"

— "Sempre aceitei todas as pessoas do jeito que são. Acho que um homem que discriminasse homossexuais não ficaria ao meu lado."

— "Acho que seria quase impossível viver com uma mulher que fosse religiosa a ponto de ir à igreja todos os dias. Não ia dar certo!"

— "Jamais casaria com um homem que acreditasse que é importante bater nos filhos para educá-los."

— "Detesto homens machistas, que se acham superiores e por isso decidem tudo sem consultar a mulher. Não ficaria com um desses de jeito nenhum!"

Fortes divergências na forma de pensar podem atrapalhar bastante ou até inviabilizar uma relação, mesmo no período de namoro. Por isso é importante, quando se conhece uma pessoa, percebê-la sem a névoa criada pelo amor romântico, que nos impede de perceber o outro do jeito que é, mas sim sob uma névoa que encobre o real.

Na idealização você atribui ao parceiro característica que ele não possui. Mas na convivência cotidiana, após o casamento, é impossível manter a idealização. Você começa a perceber aspectos que não gosta ou admira no parceiro. É comum então as frustrações se acumularem e se instalar o desencanto.

Muitos se esforçam tanto para manter o casamento e só desistem depois de fazer inúmeras concessões. Quando a frustração se torna insuportável, então se separam.

No caso de haver separação, o primeiro passo seja desenvolver a capacidade de viver bem sozinho. É descobrir o prazer da própria companhia.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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