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Regina Navarro Lins

Fantasiar sexo grupal ganha cada vez mais adeptos

Regina Navarro Lins

25/08/2015 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que responderam à enquete ainda pretende realizar alguma fantasia sexual.

A questão é que as fantasias são, geralmente, associadas à ideia de desvio sexual, gerando forte sensação de inadequação. Fantasiar o que não é aceito socialmente ameaça pelo temor de que acabe se tornando realidade. Para a grande maioria o dia a dia é regido por regras de comportamento e elas tendem a se enquadrar nos padrões aceitos.

Nas fantasias todas as convenções são reviradas, de forma a surpreender até mesmo no meio de um dia de trabalho. Numa empresa, por exemplo, um assessor de confiança pode, ao ser apresentado à mulher do seu chefe, imaginar a estar agarrando pelos cabelos e forçando-a a fazer sexo com ele em cima da mesa. E um heterossexual convicto pode fantasiar estar transando com o entregador de bebidas, bonito e musculoso, que bateu à sua porta.

A maioria das fantasias não é colocada em prática, como as de dominar e ser dominado. Entretanto, com a cada vez maior liberação sexual as que mais ganham adeptos são as fantasias de sexo coletivo.

Sexo grupal

A prática do sexo em grupo, conhecida como orgia ou bacanal é uma das variáveis mais curiosas da sexualidade humana.

Os gregos foram berço de nossa civilização e se não inventaram a orgia foram seus praticantes mais organizados. Para entendê-los é necessário perceber sua ligação com as divindades. Ao contrário de nossas religiões monoteístas, ultraconservadoras e repressoras, os gregos acreditavam que seus deuses tinham características humanas. O sexo para as divindades era uma coisa tão boa quanto para o homem comum.

O governo subsidiava as chamadas dionisíacas, que constava de um grande banquete aberto a todos. Os participantes se vestiam como ninfas, sátiros, bacantes, etc.. e atravessavam a noite realizando jogos eróticos animados pelo vinho que corria livremente. Tais festas rapidamente se transformavam em orgias públicas. O objetivo oficial destes encontros era liberar a tensão sexual do cotidiano e eles seriam impensáveis pela moralidade de nossos dias.

Aristófanes descreve as Tesmofórias, um festival que ocorria em toda a Grécia: "Todas as mulheres que desejassem poderiam participar deles, desde que se abstivessem de relações sexuais nos nove dias precedentes. A esperteza dos sacerdotes exigia isso como ato de piedade; a verdadeira razão é que, estimuladas pela longa abstinência participavam das orgias com menos comedimento. Para fortalecer a castidade durante o período de abstinência era hábito comerem bastante alho a fim de manter os homens distantes com o cheiro desagradável da boca.

Hoje, frequentemente ignorada, ocultada e reprimida, o sexo grupal é mais comum do que se imagina. Os bordéis são até hoje locais de orgia em todo o mundo, mas elas podem ser encontradas em motéis e casas particulares.

Sexo a três

Em pesquisa informal que fiz no site que tive durante vários anos, aproximadamente 1500 usuários responderam à pergunta: "Você gostaria de fazer sexo a três?" Quase 80% disseram sim. A palavra que mais aparece nas respostas é "excitante". O argumento favorável mais comum é o de que a visão do parceiro (a) com outro é muito… excitante.

Muitos defendem a total falta de compromisso entre as partes e somente o desejo sexual conduzindo as ações. Outros, ao contrário, só veem validade em tal experiência se houver paixão, envolvimento, enlace profundo.

Os que assumem a bissexualidade são percentual expressivo. Esses argumentam que o sexo a três é o relacionamento perfeito. Há um forte contingente daqueles que gostariam, mas acham que os parceiros jamais admitiriam. E há também os que só o praticam fora de casa, lamentando recorrer ao adultério.

Swing – Troca de casais

A troca de casais chegou à classe média do Ocidente em fins da década de 70, nos EUA, embalada pela revolução sexual recente, mas sua prática é antiga em outras civilizações.

Os esquimós costumavam deixar suas mulheres emprestadas ao vizinho, quando saíam para caçar. O objetivo era a preservação da mulher, que podia não resistir às baixas temperaturas, sem apoio de alguém. A China também tinha o costume, até a Revolução Cultural, de os maridos, quando se ausentavam, alugarem as esposas. Os filhos que nascessem no período pertenceriam àquele que alugara a mulher. No Tibet, na África e no Havaí há registro sobre o costume em questão. ***

Colocar em prática uma fantasia — no caso das citadas acima -, causa algum temor. Afinal, ninguém sabe o que vai acontecer depois. Muitos casais optam por esse tipo de experiência, mas é importante que avaliem bem a fantasia que se apresenta no momento e procurem se certificar de que ela está exclusivamente a serviço do prazer de ambos.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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