Impotência pode ser curada se homem parar de tentar provar que é macho
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso é o caso da internauta que não tem uma vida sexual muito ativa, porque é comum o namorado não ter ereção. Ela já tentou tudo, mas nada funciona. Terminar a relação está fora de cogitação, porque ele é um ótimo parceiro e se dão muito bem.
Não é à toa que a maior preocupação do homem no sexo seja a falta de ereção, mesmo que eventual. Numa pesquisa recente da Sociedade Brasileira de Urologia 64% dos homens declaram que o que mais os incomoda na relação com a parceira é o temor de falhar na hora H. A cultura ocidental, além de esperar que o homem seja forte, corajoso e tenha sucesso em tudo, associou a ideia de masculinidade à potência sexual.
Os homens bem que se esforçam, perseguem esse ideal masculino, mas, não podendo alcançá-lo, se sentem oprimidos e desenvolvem o pavor de falhar na cama.
O homem presta mais atenção ao seu pênis do que a qualquer outra coisa. Há quem diga até que se pedíssemos para alguém dizer qual a coisa mais importante do mundo, em toda sua história, a resposta com certeza seria: o pênis.
Sem dúvida, o homem dedica-lhe mais afagos e zelo do que a qualquer outra parte do corpo. Protege-o acima de tudo. Além disso, é gratificante poder se orgulhar do próprio pênis: seu tamanho, forma, qualidade e desempenho.
Assim, tudo o que corrói esse orgulho corrói o próprio homem. Para ele, o pênis é de suprema importância. Nada que o afeta deixa de afetar o homem na mesma proporção, e vice-versa. Na maioria das vezes a preocupação primeira quando se dirige ao ato sexual é confirmar que é "macho". E quanto melhor a ereção mais macho ele se sente. A ereção é então o centro de gravidade do seu ser.
E quando a ereção não acontece ou não se mantém? O psicanalista argentino J.C. Kusnetzoff afirma que a ausência da ereção precipita o macho no Nada sartreano. Uma angústia impossível de expressar em palavras o invade, um medo ancestral que vem lá do fundo da sua história filogenética, como a água que rompe um dique.
Para o homem, o símbolo da masculinidade e do ser não é o pênis, e sim o pênis ereto. Nenhum homem pode se conceber como tal quando a ereção falha, pois para ele a ereção é a sua essência, assim com a água é para o rio que, ao secar, deixa de ser rio.
Dessa forma, diz Kusnetzoff, quando isso acontece ele não quer ser consolado, e sim "curar-se" sozinho. Neste momento deseja desaparecer magicamente e voltar montado no pênis ereto, como cavaleiro ressuscitado do apocalipse vivido.
Contudo, para ser considerada disfunção erétil — termo usado na literatura médica para a impotência — a incapacidade de obter ereção ou manter o pênis rígido para a penetração deve ser um fato que se repete e não um episódio. A questão é que quando isso ocorre pela primeira vez o homem fica tão abalado que há grandes chances de acontecer novamente, por causa da sua insegurança.
É muito maior do que se pensa o número de homens que sofrem dessa disfunção. Só que eles não contam nem para o melhor amigo. Nos Estados Unidos, num estudo, 52% dos homens revelaram descontentamento com seu desempenho sexual. E o largo uso de remédios para a disfunção erétil no Brasil denuncia a enorme quantidade de homens sexualmente inseguros.
As causas da impotência podem ser orgânicas ou psicológicas, por isso é necessária uma avaliação cuidadosa para a indicação de um tratamento adequado: médico, psicoterápico, ou terapia sexual.
Mas o medo de aceitar a impotência, a vergonha, a dificuldade de contar para outra pessoa, levam o homem a demorar em média quatro anos para buscar ajuda no campo sexual.
Entretanto, grande parte dos casos de impotência deixará de existir quando o homem se libertar da obrigação de provar que é macho. Partir para o ato sexual apenas quando existir desejo real pela parceira e não se preocupar com a ereção são pré-requisitos fundamentais.
Aí talvez seja possível experimentar o sexo com liberdade, simplesmente para obter e proporcionar prazer, longe de qualquer tipo de ansiedade.
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