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Regina Navarro Lins

Manter amizade com o "ex" é difícil por sua causa

Regina Navarro Lins

11/08/2015 07h00

Ilustração: Lumi Mae

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A grande maioria das pessoas que responderam à enquete acredita ser difícil manter amizade com os(as) ex. Os exemplos disso são muitos.

Sérgio estava casado com Lia há sete anos, e nunca quiseram ter filhos. Os amigos os consideravam um casal feliz. Eram amigos, companheiros e pareciam nunca brigar. Certo dia, Lia chamou-o para conversar e lhe contou que se apaixonou por outro homem e que queria se separar. Sérgio ficou bastante abalado e procurou ajuda terapêutica:

"Nunca pensei que um dia isso fosse acontecer. Tudo era ótimo na nossa vida. Nossa vida sexual era intensa e Lia sempre me dizia que nunca tinha sentido tanto prazer. Nas primeiras semanas após a separação, pensei que eu fosse morrer de tanta dor. Agora, já estou mais calmo, mas tem uma coisa que não entendo. Ela sumiu da minha vida completamente. É como se tivesse embarcado num disco voador e está morando em Marte. Não tenho nenhuma notícia dela. Ela não responde às minhas ligações. Como pessoas que já foram tão unidas, de repente deixam de ser amigas?"

Há uma coisa difícil de entender e que ninguém tenta explicar. É comum uma pessoa passar anos a fio ao lado de alguém, com muita intimidade, dividindo todos os momentos da vida e de repente, como se tivesse sido desligada da tomada, deixar de ter qualquer importância.

Não existe mais no campo afetivo do outro, aliás, a impressão é a de que nunca existiu. Na maior parte das vezes é assim que acontece com os ex casados. E o curioso é esse comportamento ser visto como natural.

Tudo bem que a vontade de continuar morando junto, se encontrando todos os dias, dormindo na mesma cama e, principalmente, de ter uma vida em comum tenha acabado. Mas se havia amor, se eram solidários e se preocupavam um com o outro, onde foi parar aquela amizade?

Mesmo que o desejo sexual e a emoção de estar perto não existam mais, e surjam novos interesses, o amor deveria continuar presente, embora em outro tipo de relação. Entretanto, os dois se transformam em estranhos, que mal se conhecem e não têm nada em comum. Por quê?

Numa vida a dois, investimos na relação, esperando que todas as nossas necessidades sejam preenchidas. Sentimo-nos protegidos e alimentamos a fantasia de que nada vai nos faltar. O parceiro amoroso se torna, então, imprescindível, parte da nossa vida. Mas a questão é que a importância que ele tem não é própria, mas trazida pelo vínculo amoroso, só perdurando enquanto existir a relação .

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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