Amores múltiplos
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da internauta que vive uma relação amorosa e sexual a três. Sempre transam os três juntos. Gostam bastante um do outro. A sua dúvida é se esse tipo de relação pode trazer algum prejuízo.
"Naquela noite dormimos juntos, abraçados na mesma cama, corpos nus embolados, sem sexo, porque estávamos cansados." Esta frase é parte do relato que ouvi no consultório sobre o dia a dia de um triângulo amoroso.
Muitos não aceitam esse tipo de amor, mas a psicóloga Noely Montes Moraes, que escreveu sobre o tema, acredita ser um equívoco buscar fundamentar a exigência de exclusividade, dando-lhe inclusive caráter de norma moral e até jurídica. Os estudos da etologia, da biologia e da genética não confirmaram a monogamia como padrão dominante nas espécies, incluindo a humana.
Os americanos Bárbara Foster, Michael Foster e Letha Hadady são escritores. Juntos, escreveram o livro Amor a três, no qual tratam dessa forma de amor, que experimentam há mais de 20 anos.
"Sejam célebres ou obscuros, os participantes dos ménages bebem todos das mesmas fontes de narcisismo, voyeurismo, e da irredutível necessidade de serem três. São todos testados no fogo do ciúme. A questão de quem é meu e a quem pertenço são repetidamente colocadas e respondidas.
Se o egoísmo prevalece, ainda que em um dos três, o relacionamento vai degenerar para um triângulo amoroso clássico, com suas espionagens, brigas, culpas, divórcio e violência. Mas se e quando um ménage cresce junto, uma energia especial pode e tem feito coisas fascinantes acontecerem – nas artes, no cinema ou na vida. Um ménage, como qualquer família, baseia-se na confiança."
Para eles, talvez o ménage à trois seja mal compreendido porque constrói uma estrutura emocional que é inclusiva. "O ciúme, que supomos natural, é o principal obstáculo. Mas uma ira ciumenta é tão estranha à natureza humana que a tratamos como uma compulsão; falamos de uma pessoa ciumenta como se ela tivesse sido arrebatada pelo monstro dos olhos verdes. Um ménage, ao contrário, exige escolha e consentimento mútuo."
O ménage tende a ser composto de dois membros do mesmo sexo e um do outro, e muito frequentemente começa com um casal inquieto. O arranjo tem às vezes destruído um casamento monogâmico, e outras vezes o tem fortalecido.
"Embora os partícipes dos ménages não sejam necessariamente bissexuais, a expectativa de que devamos nos limitar a um sexo, cônjuge ou família cria uma plataforma frágil, com probabilidade de afundar sob a torrente dos nossos desejos", dizem os autores.
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