Sedução e conquista
Comentando a Pergunta da Semana
A maioria das pessoas que responderam à enquete já mentiu para conquistar alguém. Não é novidade que na fase de conhecimento as duas pessoas tentem mostrar o melhor de si, seus aspectos mais atraentes. E para ajudar na conquista não são poucos os que recorrem a algumas mentiras.
No século 18, o sedutor profissional concebia planos, fingia emoções e desempenhava o seu papel com habilidade e dedicação, mas havia grande preocupação em ocultar os verdadeiros sentimentos. A prática de conquistar mulheres acompanha os últimos cinco mil anos da história da humanidade.
Alguns conquistadores atravessam os tempos, como Casanova e Don Juan, que nomearam conquistadores futuros. No século 21, eles continuam atuando, usando as mais variadas estratégias. Entretanto, "o maior erro que podemos cometer é pensar que o outro nos seduziu: eu fui seduzido pelas minhas próprias imagens, que o outro foi apenas capaz de evocar", afirma o psicólogo italiano Aldo Carotenuto.
O mito de Don Juan e a vida de Casanova identificam pessoas que se dedicam a manter o maior número possível de conquistas. As motivações variam de personagem e de época. As interpretações vão desde a vaidade e o colecionismo até problemas emocionais.
Casanova oscilou todo o tempo entre se tornar um cidadão respeitável ou se aprofundar na libertinagem. A avaliação que faz após uma conquista demonstra esse espírito: "Resolvi-me a fazer a felicidade de Cristina sem, no entanto, casar-me com ela. Tinha me vindo a ideia de desposá-la, quando a amava mais do que a mim próprio, mas após a satisfação do desejo a balança se inclinara a meu favor e meu amor próprio se tornara maior do que tudo".
Casanova via o mundo como um parque de diversões onde o prazer está disponível: "O amor deve ser encarado como matéria de fantasia, adaptando-se às circunstancias e prestando-se de bom grado às combinações do acaso". Ou ainda: "Ninguém ignora que o amor, encorajado por tudo quanto o possa excitar, não se detém senão quando já satisfeito, e cada favor obtido nos impele a outro maior". Ele tinha mais prazer na sedução do que no próprio ato amoroso. A conquista para o sedutor se torna espécie de jogo.
A principal oposição ao conquistador foi a demonização empreendida pela religião ao sexo pelo sexo. Mas deve ser considerada a posição subalterna da mulher até recentemente, e o seu valor como patrimônio. O conquistador, nesse conceito, seria um abastado possuidor de bens vivos, como qualquer outro acumulador de riquezas. Contudo, o movimento feminista e a liberação sexual tornaram os esses conquistadores anacrônicos. A ideia de machos colecionarem conquistas entrou em declínio.
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