Amor a três
Comentando a Pergunta da Semana
Quase metade das pessoas que responderam à enquete da semana viveria junto com mais duas pessoas uma relação amorosa. Isso mostra uma grande mudança de mentalidade, comparada a que existia há 30 ou 40 anos.
Acredito que podemos amar várias pessoas ao mesmo tempo. Não só filhos, irmãos e amigos, mas também aqueles com quem mantemos relacionamentos afetivo-sexuais. E podemos amar com a mesma intensidade, do mesmo jeito ou diferente.
Acontece o tempo todo, mas ninguém gosta de admitir. Há a cobrança de rapidamente se fazer uma opção, descartar uma pessoa em benefício da outra, embora essa atitude costume vir acompanhada de muitas dúvidas e conflitos.
O professor de ciências sociais Elías Schweber, da Universidade Nacional Autônoma do México, diz: "Na infidelidade influem fatores psicológicos, culturais e genéticos que nos levam a afastar a ideia romântica da exclusividade sexual. Não existe nenhum tipo de evidência biológica ou antropológica na qual a monogamia é 'natural' ou 'normal' no comportamento dos seres humanos. Ao contrário, existe evidência suficiente na qual se demonstra que as pessoas tendem a ter múltiplos parceiros sexuais."
Ao se deparar com essa possibilidade é comum se desmerecer um de seus polos: ou o estado amoroso nascente será considerado capricho, infantilidade, mero desejo sexual, loucura; ou o estado amoroso anterior será questionado: não era amor de verdade, o parceiro não supria as necessidades e assim por diante.
O conflito se instala porque sentimentos ignoram as contradições e as exigências de exclusividade do tipo "se amo uma pessoa, não posso amar outra". Quando o sentimento insiste em se instalar e permanecer, pode surgir a dúvida do que se sente pela pessoa com quem se mantinha o pacto de fidelidade.
"Buscar comodidade e segurança na vida amorosa como valor absoluto implica colocar-se à margem da vida, protegido por uma couraça. O resultado é a estagnação do fluxo vital e um empobrecimento de vivências. A pessoa assim defendida se torna superficial e um tanto pueril, quando não se torna também invejosa das pessoas que ousam dizer sim à vida, atacando-as com um moralismo rançoso.", diz a psicóloga Noely Montes Moraes.
O jornal americano Chronicle saudou com hostilidade uma reapresentação na televisão do filme, de 1982, Summer Lovers (Amantes de verão), com Daryl Hannah, Peter Gallagher, Valerie Quennessen, dirigido por Randal Kleiser. O filme, rodado nas ilhas gregas, começa mostrando uma típica mistura de jovens turistas em busca de diversão.
Um jovem casal americano vai à Santorini em sua primeira viagem conjunta. Lá o rapaz conhece uma arqueóloga francesa por quem se apaixona. Dividido no amor, reluta para não perder a namorada e a convence, com a ajuda da arqueóloga, de que poderão viver a três.
O triângulo amoroso se forma. Quando uma das mulheres sai de cena o casal se sente frustrado e resolve voltar para os EUA. Mas a francesa vai ao encontro dos dois no aeroporto e os três, abraçados, retornam juntos para a casa em que viviam na ilha.
O crítico do jornal afirma que é um relacionamento sem saída, de que a tríade é implausível porque ninguém saiu machucado. Para B.Foster, M.Foster e L.Hadady, que viviam a experiência quando escreveram um livro sobre o tema, "a tríade é um estilo diferente de amor, que não somente exige várias pessoas, mas sua interação no tempo e no espaço. O triângulo têm uma história profunda e longa, como a mais antiga forma alternativa da família."
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.