Por que os homens ainda se assustam com proposta sexual da parceira?
Universa
09/04/2020 04h00
Não é nada fácil se aceitar um comportamento diferente do habitual. A intolerância, que as modificações dos costumes provoca, sempre fez vítimas. Até os anos 1950, um homem querer ser ator de teatro, por exemplo, era inadmissível na família e ele acabava se formando em engenharia.
Usar camisa colorida e, até mesmo, lavar a cabeça com xampu eram manchas indeléveis na virilidade. Mulher trabalhar fora, vestir calças compridas, dirigir automóvel, nem pensar. Mas a partir da década de 1970 as mudanças foram muito mais profundas e radicais do que estas. E novos valores acabam sendo absorvidos com o tempo.
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Entretanto, na relação homem-mulher existem alguns padrões de comportamento bastante arraigados. Como é difícil as pessoas aceitarem que a necessidade e o desejo sexual são iguais para ambos os sexos! A consequência disso é que muitos homens, até hoje, só se sentem bem no papel de conquistador, ficando constrangidos quando recebem uma cantada. Muitas mulheres continuam a reprimir a expressão dos seus desejos, levando para o sexo sentimentos de medo e culpa.
Há as que ainda não romperam com o mito da mulher passiva, que se faz bela e, como Branca de Neve, espera começar a viver só depois de ser beijada pelo príncipe. A atitude da mulher atual às vezes surpreende, como por exemplo, quando vai a uma festa e fica com um homem que a interessou. Não são poucas as que, no dia seguinte, ficam grudadas ao celular, aguardando serem procuradas por ele. Nem pensam em tomar a iniciativa
Mas como vivem as mulheres que não se sujeitam mais a esse script? Muitas vezes encontram dificuldades na troca amorosa. Apesar de nos encontrarmos no meio de um processo de profunda mudança das mentalidades, há homens que acreditam caber a eles, por serem homens, a proposta do encontro sexual.
Se a mulher ignora isso e toma a iniciativa, eles se assustam com a sensação de não saber onde estão pisando. Sentem medo e, inseguros, imaginam não poder corresponder à expectativa da parceira. Sem dúvida, o novo intimida, mas não há volta. É necessário que cada um busque uma saída para viver com mais satisfação.
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.