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Muitos defendem a fidelidade, mas você quer mesmo ser fiel?

Universa

26/03/2020 04h00

Numa conversa com uma médica ginecologista, ouvi o seguinte relato: "Um marido me procurou desesperado por ser portador de gonorreia. Aos prantos me pediu que não acabasse com sua felicidade conjugal, mas sua mulher precisava ser medicada. Chamei minha cliente no consultório e a mediquei. Comprovei depois que ela não estava com gonorreia. Aí, ela me contou que seu professor de inglês estava com gonorreia e achava que tinha passado para ela há um mês. Ela era portadora assintomática e passou a doença para o marido."

Muitos homens e mulheres defendem a fidelidade conjugal, no entanto, poucos se contentam com um único parceiro sexual, mesmo enfrentando altos riscos. O adultério sempre foi punido com crueldade pelo mundo afora: açoitamento público, decepação do nariz e das orelhas, morte por apedrejamento, fogo, afogamento, etc. Não é incrível que os seres humanos, ainda assim, se envolvam em aventuras extraconjugais? Mas a infidelidade acontece a toda hora, em todos os lugares, com as pessoas comuns e com as famosas.

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O número de mulheres que têm relações extraconjugais tem se igualado ao dos homens e o sexo fora do casamento começa cada vez mais cedo para ambos os sexos. O conflito entre o desejo e o medo de transgredir é doloroso. A fidelidade não é natural e sim uma exigência externa. Com toda a vigilância que os casais se impõem, a fidelidade conjugal geralmente exige grande esforço.

Assim, as restrições que muitos têm o hábito de estabelecer por causa do outro ameaçam bem mais uma relação do que a "infidelidade". Mesmo porque reprimir os verdadeiros desejos não significa eliminá-los. Quando a fidelidade não é espontânea nem a renúncia gratuita, o preço se torna muito alto, e o parceiro que teve excessiva consideração tende a se sentir credor de uma gratidão especial, a se considerar vítima, a se tornar intolerante, inviabilizando a própria relação.

Apesar dos conflitos, medos e culpas, da expectativa dos parentes e amigos, dos costumes sociais estimularem que se invista toda a energia sexual em uma única pessoa — marido ou esposa —, homens e mulheres são profundamente adúlteros.

 

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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