"O sexo foi maravilhoso! Mas não trocamos telefone e agora sinto um vazio"
Universa
18/05/2020 04h00
"Fiquei retida numa conexão em São Paulo, incomodada por perder quatro horas presa no aeroporto. Sentei num café com uma revista na mão e fui abordada por um cara, com um jeito entre gentil e misterioso. Quando perguntei seu nome, disse que não queria saber o meu, mas poderíamos inventar algum para cada um de nós. Sorrimos juntos e a partir daí foi só sedução de ambas as partes. O voo atrasou mais ainda, e não resistimos: fomos parar no hotel do aeroporto. O sexo foi maravilhoso! Mas nos despedimos apressados para eu não perder meu voo. Não trocamos telefone. Sentada dentro do avião, me bateu aquela sensação de vazio…."
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Amor e sexo são impulsos totalmente independentes e pode haver prazer sexual pleno totalmente desvinculado das aspirações românticas. Não há motivo para o sexo não ser ótimo quando praticado por duas pessoas que sentem atração e desejo uma pela outra. Os homens sempre souberam disso e nunca se furtaram às relações sexuais com parceiras eventuais.
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O sexo, quando vivido sem medo ou culpa, pode levar a uma comunicação profunda entre as pessoas. Mas há mulheres que tentam se convencer de que sexo e amor têm que caminhar sempre juntos. Recusam-se a fazer sexo no primeiro encontro, mesmo quando há muito desejo. Acreditam que ao ceder, o homem vai desvalorizá-la. É a submissão ao homem, ou seja, a crença de que têm que corresponder ao que imaginam ser a expectativa dele.
Muitas alegam que, após um sexo casual, se sentem frustradas e surge uma sensação de vazio. Mas de uma transa sexual com alguém que mal se conhece e, de quem não se pretende nada mais além da troca de prazer, só se pode esperar algumas horas muito agradáveis e ótimas lembranças.
A frustração e o vazio têm muito mais a ver com uma expectativa não satisfeita do que com o sexo em si. A questão é que, como o sexo não é visto como algo natural, costuma-se misturar as coisas e se busca algo além do que prazer: continuidade da relação — namoro ou casamento.
Embora ainda existam críticas ao sexo casual, penso que o prazer sexual independe do amor ou do conhecimento profundo de alguém. Para um sexo ser ótimo basta haver desejo e nenhum preconceito. E uma camisinha na bolsa, claro!
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.