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Bruxas estão na moda porque conservadorismo aumenta interesse pelo místico

Universa

02/11/2019 04h00

 

Michely Cantagalo diz que festa das bruxas é momento de deixar o que não funciona para trás

Halloween ou Dia das Bruxas foi festejado no dia 31, quinta-feira. As bruxas estão mais na moda do que nunca. Para os historiadores, o interesse pelo misticismo sempre costuma ganhar mais evidência em momentos de obscurantismo e conservadorismo na sociedade. Mas é importante aproveitarmos o Halloween para refletir sobre o terror vivido pelas mulheres no período em que foram torturadas e queimadas vivas nas fogueiras.

A caça às bruxas foi uma perseguição religiosa e social. Teve início no final da Idade Média e se intensificou na Idade Moderna (1453 – 1789). Alguns historiadores estimam que o número de vítimas foi aproximadamente de 320 mil. Outros acreditam que foram bem mais. Destas, 85% eram mulheres, acusadas de ter pacto com o Diabo e de fazer sexo com ele. Após serem cruelmente torturadas, as acusadas eram executados na presença de uma multidão.

Como isso tudo começou? Desde a Antiguidade as mulheres detinham um saber próprio, transmitido de geração em geração: faziam partos, cultivavam ervas medicinais, curavam doentes. Na Idade Média (séculos 5 ao 15) seus conhecimentos se aprofundaram e elas se tornaram uma ameaça. Não só ao poder médico que surgia, como também do ponto de vista político, por participar das revoltas camponesas.

No final da Idade Média, na parte central da Europa, começaram a surgir rumores acerca de conspirações malignas que estariam tentando destruir os reinos cristãos através de magia e envenamento. Houve pânico. Os feitos mais comuns atribuídos às feiticeiras eram o roubo do sêmen de homens adormecidos, a provocação da impotência, a esterilidade e os abortos, afora a imposição de doenças e deformidades às partes íntimas das pessoas.

Não é possível falar de feiticeiras sem levar em conta a posição da mulher na sociedade cristã. Para os teólogos, a mulher é marcada pelo pecado original, causa de toda a miséria humana, agente do Diabo. Mas também é o seu corpo que perturba. O desconhecimento da fisiologia do corpo dá livre curso a todas as extravagâncias da imaginação.

Não é difícil imaginar que, nesse período, qualquer mulher pode ter se sentido como um animal caçado. A escritora americana Anne Barstow reflete sobre o terror vivido pelas mulheres. Elas se viam sozinhas. Com poucas exceções, suas famílias não as defendiam por medo e, em alguns casos, se voltaram contra elas. Acusadas pelos vizinhos, ou denunciadas sob coação pelos amigos, em geral elas enfrentavam os tribunais sem nenhuma ajuda. As mulheres aprenderam a viver com um medo intenso.

Para Anne Barstow, o terrorismo sexual é o sistema pelo qual os machos amedrontam, e amedrontando, dominam e controlam as fêmeas. Há uma multiplicidade de maneiras como isso é feito: pelo estupro, pelas revistas corporais, ofensas verbais e pela tortura. O principal artifício do século 16 para ensinar a ambos os sexos o controle definitivo dos homens sobre as mulheres, porém, foi a execução pública das feiticeiras.

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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