Ciúme sem limite levou mulher a agredir mesária. Por quê?
Universa
12/10/2018 11h10
Muitos reeditam a mesma forma primária de vínculo com a mãe, fazendo com que o antigo medo infantil de ser abandonado reaparece. Se o amor é a solução de todos os problemas e se o convívio amoroso é a única forma de atenuar o desamparo, a pessoa amada se torna imprescindível. Não se pode correr o risco de perdê-la. O controle, a possessividade e o ciúme passam, então, a fazer parte do amor.
Nesses casos, o desejo de uma vida livre fica em segundo plano, sufocado pelas inseguranças pessoais que privilegiam esse mecanismo de controle. Como são poucos os que se sentem autônomos, observa-se uma busca generalizada de vínculos amorosos que permitam aprisionar o parceiro, mesmo que seja à custa da própria limitação.
Há alguns anos entrevistei várias pessoas sobre o ciúme. Selecionei uma das respostas, que me parece bem interessante.
"O ciúme é um produto da opacidade do outro. O outro é sempre opaco pra nós. Eu não tenho a menor ideia do que você está pensando de mim nesse momento, e vice-versa. Em suma: você não tem acesso à minha subjetividade, nem eu à sua. A relação entre dois seres é marcada pela ausência de garantia. Por maior que seja a prova de amor dada, ela pode não ser verdadeira. Essa possibilidade de falsear é que é a mola do ciúme. Ciúme é a contrapartida da ausência de garantia." (Luiz Alfredo Garcia-Roza – escritor e professor de Filosofia)
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.