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Há dois mil anos, romanos tinham uma estranha noite de núpcias

Regina Navarro Lins

20/09/2018 04h00

 

Ilustração: Caio Borges

Há dois mil anos, os pais romanos tinham a responsabilidade de procurar os homens que tivessem qualidades para se casarem com suas filhas. Esperava-se que a jovem não tomasse qualquer iniciativa e que aceitasse a decisão dos pais. Os noivos não deveriam se casar em maio ou antes de 15 de Junho. Esse período era considerado de mau agouro por ser o período em que o templo de Vesta, deusa da família, era lavado.

Na véspera do casamento, a noiva doava seus brinquedos de infância e jogava fora as roupas infantis. A cerimônia nupcial implicava a presença de testemunhas e havia o costume de o casal ganhar presentes. A noiva vestia-se com uma túnica branca, longa, tecida em uma única peça, com um cinto, cujo nó só o marido poderia desfazer.

Os cabelos eram repartidos em seis partes, presas por laços em forma de cone, e depois cobertas por um véu alaranjado conhecido com flammeum, que simbolizava o alvorecer. Os convidados atiravam sementes para desejar ao casal uma boa colheita de filhos.

A família da noiva oferecia um banquete, e depois havia uma encenação bastante curiosa. A noiva fingia estar agarrada à saia da mãe, enquanto amigos do noivo a empurravam entre lágrimas, músicas e piadas obscenas. Este ritual, que lembra um estupro, é ainda hoje praticado em algumas culturas. Depois da cerimônia, seguida por dois criados, a noiva era levada em procissão pública à casa do marido, carregando um fuso para fiar e um carretel – símbolos tradicionais das obrigações de uma esposa.

Na entrada da nova residência, o noivo lhe oferecia fogo e água – elementos essenciais para as tarefas de dona de casa. Como na Grécia, os membros da procissão, do lado de fora do quarto do casal, cantavam uma música nupcial, enquanto os recém-casados se preparavam para consumar a sua união.

A noite de núpcias desenrolava-se como uma violação legal, da qual a esposa saía "ofendida contra o marido", que habituado a usar as escravas, desconhecia outras formas de iniciativa sexual. Era comum, na primeira noite, o recém-casado se abster de deflorar a esposa, em consideração à sua timidez, e por isso praticar sexo anal com ela.

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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