Ninfomania: o mito do desejo insaciável
Regina Navarro Lins
12/04/2018 04h00
A repressão sexual, ao longo da História, alimentou uma fantasia resistente e de aparência confiável, se é possível dizer isso de um mito: a ninfomania. Ele nasceu de um outro mito, também solidificado longamente, de que mulheres não tinham prazer sexual. Tais "verdades" faziam supor que, se as mulheres não tinham desejo, qualquer uma que tivesse algum era doente: uma ninfomaníaca.
O que se comprovou é que, antes de tudo, a mulher insaciável é uma fantasia masculina. Muitas mulheres sofreram em função desse mito. No século 19, médicos retiravam os ovários de algumas mulheres para controlar sua sexualidade, e em alguns casos, removiam o clitóris. Outras foram colocadas em instituições para doentes mentais com o diagnóstico de ninfomaníacas. Psiquiatras e psicólogos do século 20 recomendavam tratamento clínico, choque elétrico, sedativos, tranquilizantes e até internações.
A americana Carol Groneman, em seu livro sobre o tema, diz que as mulheres precisam entender as várias formas como a ninfomania e outros conceitos têm sido usados para rotular e controlar a sexualidade feminina. São conceitos perigosos, que precisam ser desafiados e alterados. Podemos então refletir sobre uma afirmação do pesquisador da sexualidade Alfred Kinsey: "Ninfomaníaca é alguém que gosta sexo, mais do que você."
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.