No relacionamento, intimidade não é prisão e nem risco de vida
Regina Navarro Lins
31/08/2017 04h00
Ilustração: Caio Borges
No amor, não são poucos os que têm dificuldade de estabelecer uma relação de intimidade com o outro. As pessoas inseguras supõem que a intimidade as torna vulneráveis e tendem a viver esse fenômeno como uma situação perigosa, às vezes até angustiante, e a sentir um grande medo dela. A intimidade é temida pelos mais variados motivos. Pelo receio de nos entregarmos a ela, de nos fundirmos com o outro, de ficarmos desprotegidos.
O psicólogo italiano Willy Pasini diz que a intimidade exige o abandono da couraça que protege o que temos de mais íntimo: quanto mais a intimidade é compartilhada, mais o outro tem livre trânsito para as nossas coisas mais secretas. Mas só uma autoestima elevada permite viver tal "despir-se" como oportunidade, e não como ameaça. Quem pensa que deve esconder as partes de si consideradas inconfessáveis vive a intimidade como se fosse um risco pessoal.
Ter uma relação de intimidade quer dizer entrar na vida do outro sem perder o sentido da própria identidade, poder mostrar nossas fragilidades sem temer qualquer constrangimento ou humilhação, ou seja, sem temer um ataque. O filósofo alemão Theodor Adorno sintetiza muito bem essa ideia ao afirmar que "só nos ama aquele junto a quem podemos nos mostrar fracos sem provocar a força."
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.