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As fases de um casamento

Regina Navarro Lins

13/12/2016 07h00

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

As pessoas que responderam à enquete da semana acreditam que uma relação estável passa por diversas fases diferentes.

Quando alguém deixa de ser amado é tomado por uma profunda angústia – seja porque foi abandonado ou porque abandonou — e é invadido pela sensação de falta e de solidão.

O cientista francês Jacques Ruffié afirma não ter dúvidas de que o hábito, que causa exigência e tédio, pode levar à separação. Ele enuncia as diversas fases por que passa a vida da maioria dos casais:

1a – Uma fase de início em que cada um idealizando o outro se esforçando para satisfazê-lo. Ao mesmo tempo o casal se afasta do resto do mundo.

2a – Uma fase de primeira crise com o contato do real; os defeitos mais gritantes começam a ser percebidos. Essa fase é geralmente superada graças à atração recíproca, ainda viva, que um parceiro sente pelo outro.

3a – Uma série de crises surge podendo acarretar:

a) a ruptura. A vida em comum torna-se insuportável. O casamento explode sob o efeito do conflito e dos apelos do mundo externo;

b) em alguns casos, sentindo esse perigo de explosão, o casal se retrai por uma espécie de reflexo de autodefesa e tenta reprimir a agressividade.

4a – Uma calmaria aparente muitas vezes disfarça um aumento de rancor e de incompreensão. É então que uma crise, mais violenta porque adiada, explode no momento em que menos se espera.

5a – O casal pode persistir ao preço de muitas renúncias. Cada um se despersonaliza.

6a – Os dois percebem seus limites, suas próprias forças e a realidade de um fracasso parcial. A fantasia ideal do início dá lugar a uma versão mais realista. Cada um se torna mais autônomo.

Se as desavenças são abordadas de frente, e essa crise aparecer bem cedo na vida, numa época em que a atração entre os dois parceiros ainda é grande, ela pode ter um efeito construtivo — fazendo nascer um diálogo real, revelando novas diferenças e novas afinidades.

Mas é preciso saber que o equilíbrio jamais é definitivo, pois as pessoas se modificam.

Para Ruffié, o laço conjugal, fixo e inalterável, no plano biológico é uma ficção que nossa fraqueza amorosa e nossa instabilidade afetiva assinam.

Ele acredita que se os casais deixassem de associar a fidelidade à sexualidade seria positivo para o casamento, na medida em que a mudança periódica de parceiros provoca, a cada vez, um aumento do desejo sexual.

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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