Sexo a três só tem sentido se os envolvidos estiverem tranquilos quanto à decisão tomada
Regina Navarro Lins
16/07/2016 07h00
Comentando o "Se eu fosse você"
A questão da semana é o caso da internauta que que tem um namorado há oito meses e está com vontade de fazer sexo a três com ele e mais uma mulher. Mas ela teme que tenha muito mais tesão pela outra e ela seja preterida durante o sexo.
Sexo a três é o primeiro passo para além do erotismo entre o casal. A terceira pessoa afasta algumas certezas alimentadas durante muito tempo: a de que sexo só é bom com o parceiro amoroso, de que sexo é só entre duas pessoas.
Não são poucos os homens que o fato de trazer mais uma mulher para a cama de sua parceira pode ser o sonho máximo, mas normalmente é impensável que ele receba outro homem, que além de dar prazer à sua mulher pode buscar prazer com ele também. A bissexualidade ainda é um fantasma para a maioria dos homens, mas é menos amedrontador para as mulheres.
Alguns defendem a total falta de compromisso entre quem participa do sexo a três, com apenas o desejo sexual conduzindo as ações. Outros, ao contrário, só veem validade nessa experiência se houver envolvimento.
Há os que argumentam que o sexo a três é o relacionamento perfeito. Muitos gostariam, mas acham que os parceiros jamais admitiriam. E há também os que só o praticam fora de casa, lamentando ter que recorrer a uma relação extraconjugal.
O desejo tão frequente de uma terceira pessoa tendo relação com o casal heterossexual é fato contemporâneo, pós revolução sexual, pós cinema erótico. A simples realidade de uma terceira pessoa já produz um clima erótico impensável em outros tempos.
Tanto é assim que já atendi um casal, casado há 40 anos, que não tem coragem de convidar mais uma pessoa para a cama deles. Entretanto, o terceiro elemento, no caso uma prostituta, está presente apenas por via telefônica, mas a sua voz, durante a relação sexual deles, basta para mudar tudo.
Penso que da mesma forma como ocorre com qualquer outra prática sexual, o sexo a três só tem sentido se as pessoas envolvidas o desejarem e estiverem tranquilas quanto à decisão tomada.
Em hipótese alguma deve ser praticado para agradar o outro ou para corresponder a expectativas que não estejam diretamente ligadas ao prazer sexual. Caso contrário, podem surgir mágoas e ressentimentos. O preço para a relação pode ser tão alto, a ponto de inviabilizá-la.
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.