Desempenho sexual de homens e mulheres
Regina Navarro Lins
09/02/2016 07h00
Comentando a Pergunta da Semana
A maioria das pessoas que respondeu à enquete da semana se preocupa com o próprio desempenho sexual.
Apesar disso, na sociedade ocidental o sexo é em grande parte das vezes praticado como uma ação mecânica, rotineira, desprovida de emoção, com o único objetivo de atingir o orgasmo o mais rápido possível.
Estudos mostram que 75% dos homens ejaculam em menos de dois minutos depois de introduzir o pênis na vagina e muitos, depois disso, viram para o lado e dormem. Enquanto isso, a maioria das mulheres não tem orgasmo e se desilude com a objetividade sexual do homem.
Mas isso está mudando. A revolução sexual dos anos 60 continua evoluindo e traz, cada vez mais, o prazer do sexo para dentro das relações amorosas. Essa realidade tornou-se uma nova preocupação masculina: passou a ser fundamental o bom desempenho do homem na cama.
Mudou a posição do homem diante do prazer, que antes era uma prerrogativa masculina. O que a mulher sentia durante o ato sexual era uma intimidade dela, que não podia ser manifestada.
Durante séculos se acreditou que as mulheres serviam para procriar e criar filhos. Aos homens era reservado o prazer. Mulher que gostasse de sexo devia trabalhar como prostituta.
O absurdo chegava ao ponto da seguinte afirmação, feita na Inglaterra, no século 19, por um médico famoso, Lorde Acton: "Felizmente para a sociedade hoje sabemos que a ideia de que a mulher possui desejos sexuais pode ser afastada como uma calúnia vil".
O surgimento dos anticoncepcionais, há 50 anos, virou o jogo. A mulher que tomava a pílula estava na cama para gozar e não procriar. Um novo mundo surgia.
Hoje, não faltam estímulos para que se viva um sexo mais intenso e prazeroso, incluindo aí a realização de variadas fantasias. A satisfação sexual na relação com a parceira passou a ser fundamental.
Por outro lado, a mulher livre, que não esconde que sexo é tão bom para ela como para o homem, pode gerar insegurança. Ao mesmo tempo que a moça reprimida, que demonstra não se interessar por sexo, perdeu todo o seu glamour.
Tudo indica que os homens e mulheres que ainda não conseguiram se libertar dos valores tradicionais, estão, ao menos momentaneamente, impossibilitados de estabelecer relacionamentos afetivo/sexuais satisfatórios.
Concordo com o historiador Georg Feuerstein quando diz que quase todos sabem que são capazes de conseguir muito mais da própria vida sexual do que se permitem sentir; sabem também que no prazer sexual e nos jogos de amor existe um espaço imenso onde podem crescer e se desenvolver desde que encontrem tempo, energia, coragem e honestidade para partir em busca desse desenvolvimento.
Sobre a autora
Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.
Sobre o blog
A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.