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Início de uma relação amorosa

Regina Navarro Lins

13/10/2015 07h00

Ilustração: Lumi Mae

 

Comentando a Pergunta da Semana

A maioria das pessoas que responderam à enquete teme se expor no início de uma relação amorosa.

"Estou precisando tanto me apaixonar!". Geralmente é com essa certeza que se parte em busca de um parceiro. As pessoas na verdade amam estar amando, se apaixonam pela paixão, muito mais do que por alguém em especial.

Basta encontrar quem corresponda mais ou menos ao que se deseja e pronto: inventa-se uma grande paixão e até se sofre por ela. Mas o sofrimento não é problema: pode ser estancado de imediato. É só aparecer outro alguém, que a transferência do amor é logo feita.

De qualquer modo, o que vai acontecer depois de algum tempo não é difícil de imaginar. Com a convivência, o encantamento se desfaz e é preciso procurar uma nova paixão. E depois outra…

Passageira ou duradoura, inventada ou real, o início de uma relação amorosa é decisivo. É comum nessa fase de conhecimento e descoberta as duas pessoas mostrarem o melhor de si, seus aspectos mais atraentes e sedutores.

Não se incomodam de abdicar de coisas que lhes dão prazer só para agradar ao outro. O que poderia ser mais importante naquele momento da vida? Até aí tudo bem, a gente já conhece essa história.

Entretanto, o que muitos não sabem é que toda relação é regida por códigos, que são passados de um para o outro, na maioria das vezes de forma inconsciente.

Através de gestos, olhares, sorrisos, comentários ou qualquer outra manifestação, deixamos o parceiro perceber quais são nossas expectativas a seu respeito. O que admiramos ou rejeitamos no seu comportamento, o que esperamos que faça em determinada situação e até as atitudes que não admitimos de jeito nenhum. A questão é que depois de estabelecidos os códigos, não adianta lamentar. É muito difícil revertê-los.

O ciúme, por exemplo, pode ou não fazer parte de um relacionamento. Vamos imaginar a seguinte situação na vida de um casal: eles começaram a namorar há uma semana. Estão num bar conversando, quando chega um amigo dela, que ele não conhecia.

Ela se levanta e abraça o amigo. Afinal, não se viam há vários meses e estavam com saudades. As apresentações são feitas e pouco depois o amigo se retira. O namorado então lhe diz baixinho: "Não gostei nada do jeito que vocês dois se abraçaram. Fiquei com ciúmes."

À primeira vista pode parecer um comentário banal, nessa situação. Mas o perigo está em considerá-lo inofensivo. Dependendo da reação da namorada a esse comentário, aspectos fundamentais da relação vão se definindo.

O que você responderia nesse caso, mesmo que fosse o contrário, a sua namorada é que ficasse com ciúme do abraço? As respostas possíveis são inúmeras, mas você tem que escolher uma. E sabe por quê?

Para não deixar dúvidas quanto ao tipo de relação que se dispõe a ter. Se você é uma pessoa insegura, que entende o ciúme como prova de amor, provavelmente vai deixar transparecer que apreciou o comentário feito. Pode responder algo do tipo: "Ah meu bem, juro que ela é só minha amiga." Mas a essa altura sua namorada já registrou, mesmo sem perceber, que o ciúme lhe agradou e deve, portanto, fazer parte do cotidiano de vocês.

Outra resposta bem diferente pode ser dada por uma pessoa que deseja uma relação madura, sem que as inseguranças de cada um sejam nela depositadas.

Ela pode, por exemplo, esclarecer que para ela um namoro ou casamento só faz sentido se as pessoas se respeitarem, não tentando tolher a liberdade do outro. E que interferências desse tipo podem aos poucos ir deteriorando a relação.

Um não se sentir dono do outro, as pessoas saberem que estão juntas por prazer e não por qualquer outro motivo, só enriquece cada encontro. Além de permitir que se viva sem limitações, coisa tão rara em quem está casado ou namorando.

Cada um de nós tem de escolher o que deseja para a própria vida. O que você prefere para a sua?

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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