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O cavalheirismo é nocivo às mulheres!

Regina Navarro Lins

04/05/2013 09h49

Ilustração: Lumi Mae

Comentando o "Se eu fosse você"

A questão da semana é o caso de uma mulher tratada como um ser inferior pelo namorado. É possível perceber o cavalheirismo dele enaltecido por ela como algo positivo. Mas o cavalheirismo é péssimo para as mulheres. Gentileza, ao contrário, é ótimo! Homens e mulheres podem e devem ser gentis uns com os outros. Cavalheirismo é outra coisa. Traz, de forma subliminar, a ideia de que a mulher é frágil e necessita do homem para protegê-la, até nas coisas mais simples como abrir uma porta.

Não podemos nos esquecer de que nos últimos cinco mil anos a mulher foi considerada incapaz, incompetente e limitada, ou seja, um ser inferior. Muitas vezes algo que parece tão inocente pode ser profundamente prejudicial por reforçar inconscientemente ideias que já deveriam ter sido reformuladas.

Apesar de o movimento feminista da década de 1960 ter feito com que grande parte das mulheres se rebelassem contra o eterno papel de donas de casa e mães, e as exigências práticas da vida não mais permitirem que elas se escondam sob a proteção do pai ou marido, para muitas a liberdade assusta. Elas foram ensinadas a acreditar que a mulher é frágil, com absoluta necessidade de proteção. As que se sentem capazes, com frequência temem desapontar as expectativas do homem.

Como a combinação de sexualidade e competência nas mulheres parece ameaçar a virilidade dos homens, elas optam por esconder a sua autonomia e representar o papel feminino estereotipado. Assim, aceitam ter a função de um espelho que reflete o ideal e a fantasia do homem, sempre ajustando sua imagem de acordo com as necessidades e exigências dele. A mulher acomodada aceita que todo homem com quem se relacione a proteja.

A historiadora canadense Bonnie Kreps diz ser possível observar em qualquer lugar o ritual diário pelo qual as mulheres permitem que os homens as guiem em situações físicas que podem controlar perfeitamente sem assistência masculina ou então estariam mortas. "Ainda assim, lá está ele, o braço masculino onipresente em nossa direção, dirigindo-nos nas esquinas, através das portas, para dentro dos elevadores, subindo escadas rolantes… atravessando ruas. Esse braço não é necessariamente pesado ou grosseiro; é leve e delicado, porém firme, como dos cavaleiros mais confiantes com os cavalos mais bem treinados".
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Portanto, ela também considera que a noção de cavalheirismo é crítica para as mulheres. Que tipo de homem deseja proteger uma mulher? Certamente não seria um que a vê como uma igual, que a encara como um par. Mas aquele que se sente superior a ela. E como disse a atriz americana Mae West em um dos seus filmes: "Todo homem que encontro quer me proteger… não posso imaginar do quê."

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Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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