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Regina Navarro Lins

Piadas com críticas ao corpo da mulher não são mais aceitas

Regina Navarro Lins

25/01/2019 04h00

Reprodução/Twitter

"Covinhas são bonitinhas no seu rosto (e não nas suas coxas)". Com essa piada, a marca de beleza Avon precisou se desculpar após críticas recebidas. A atriz e apresentadora inglesa Jameela Jamil considerou uma  insensibilidade com o tema celulite e postou:

"E ainda assim TODO MUNDO tem covinhas em suas coxas. Eu tenho, vocês têm e os PALHAÇOS da Avon britânica certamente têm. Parem de criticar as mulheres sobre idade, gravidade e celulites. Elas são inevitáveis, coisas completamente normais. Fazer a gente temê-las ou tentar 'consertá-las' é literalmente nos jogar para o fracasso"

Lembrei logo de uma paciente que tive, há alguns anos. Ela me contava que todas as vezes que fazia sexo com o namorado esticava as pernas, para que sua celulite não fosse percebida. É incrível como a cobrança de um corpo perfeito pode afetar a autoestima das mulheres.

A atração que sentimos por alguém e as formas de atrair a pessoa desejada são um mistério. Por que nos sentimos atraídos por uma pessoa e não por outra? Costuma-se pensar logo na beleza e, como primeira impressão, a aparência é fundamental mesmo. Mas sendo o belo também condicionado pela cultura, os tipos ideais variam de época e lugar.

A primeira imagem da mulher ideal de que se tem notícia é a da Vênus de Willendorf, de aproximadamente 30 mil anos atrás, encontrada na Áustria. É uma mulher com barriga e seios fartos. Nessa época não havia deuses masculinos, somente deusas. Acreditava-se que a mulher seria a representante da deusa, pelo seu poder de gerar outros seres.

No século 19, bem mais perto de nós, as mulheres, para serem atraentes, eram apertadas por espartilhos. A cintura não deveria passar de 40 cm. Algumas morreram por terem o fígado perfurado.

As pessoas que conseguem se libertar da submissão aos padrões de beleza de sua época podem se sentir atraídas por aspectos mais sutis. Um  jeito de sorrir, de olhar, quem sabe uma observação interessante, um modo de falar… Não dá para dizer o que é, nem de onde vem. Talvez venha do invisível e não sabemos que nome tem.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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