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Regina Navarro Lins

"Descobri que a mulher que amo tem dois maridos"

Regina Navarro Lins

12/11/2018 04h00

Ilustração: Caio Borges

"Tenho 32 anos e sou solteiro. Numa viagem de trabalho à outra cidade, conheci uma mulher 15 anos mais velha do que eu. Não vi nisso nenhum problema, mesmo porque considero o sexo com ela o melhor da minha vida. Fiquei apaixonado. Por morarmos longe, não convivemos muito. Mas eu estava sentindo que tinha algum mistério na vida dela, mas tentei tirar isso da cabeça. Pensava seriamente em conseguir uma transferência para morarmos juntos, quando descobri tudo. Ela tem dois maridos! Cada um mora três ou quatro dias na casa dela. Eles sabem dessa situação e o incrível é que não se importam. Ela me disse que continua me amando e não vê motivo para terminarmos nossa relação. Eu até agora não consigo acreditar no que está acontecendo."

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A poligamia — sistema em que é permitido ao homem ter mais de uma esposa de cada vez — existe em 84% das sociedades humanas. Um imperador do Marrocos foi até agora o homem que teve o maior harém. O livro Guiness  dos recordes relata que ele teve 888 filhos com suas muitas esposas. Pode até ser que ele tenha sido superado.

Alguns imperadores chineses também se relacionaram com mais de mil mulheres. Elas participavam de um rodízio cuidadoso, que as colocava no quarto do imperador quando estavam no período fértil. Mas não são somente os chefes de Estado os privilegiados. Na África Ocidental a poligamia é muito comum. Os homens mais velhos têm duas ou três mulheres ao mesmo tempo.  Para a mulher sempre foi mais difícil. Cada vez que fazia sexo, corria o risco de ter um filho que não fosse do marido.

Entretanto, após a revolução sexual iniciada na década de 60, surgiram novas tendências no Ocidente. Homens e mulheres começaram a ter relações extraconjugais mais cedo do que nas décadas anteriores, e o padrão duplo homem pode, mulher não pode, foi corroído. As mulheres passaram a considerar seus direitos iguais aos dos homens e o sexo extraconjugal passou a fazer parte de suas vidas. A pílula anticoncepcional foi decisiva, permitiu que elas só engravidassem se quisessem e de quem quisessem.

Na realidade, o que se observa hoje no comportamento de homens e mulheres é que ambos têm mais de um parceiro com a mesma satisfação. Contudo, como a mulher foi ensinada a acreditar que para ela amor e sexo têm que estar sempre associados, algumas, mesmo desejando viver essa experiência, não têm coragem.

 

 

 

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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