Como o medo de perder pode nos levar a perder tudo
O psicanalista norte-americano Stephen Grosz ilustra em seu livro como o novo assusta, gera medo, insegurança e como pode paralisar as pessoas impedindo-as de tomar uma atitude. O texto não trata da separação de um casal, mas dá para fazermos uma analogia. Grosz relata o que aconteceu com algumas pessoas que estavam no World Trade Center, quando houve o ataque terrorista em 11 de setembro em 2001.
Quando o primeiro avião bateu na torre norte, Marissa Panigrosso estava no 98º andar, da Torre Sul, conversando com duas colegas de trabalho. Ela sentiu a explosão tanto quanto a ouviu. Uma golfada de ar quente atingiu-lhe o rosto, como se a porta de um forno tivesse acabado de se abrir. Uma onda de ansiedade varreu escritório. Marissa Panigrosso não parou para desligar o computador ou mesmo para pegar sua bolsa. Rumou para saída de emergência mais próxima e saiu do prédio.
As duas mulheres com quem conversava — incluindo a colega que compartilhava sua baia — não saíram. Muitas pessoas no escritório ignoraram o alarme de incêndio, e também o que viram acontecer na torre norte, a 40 metros de distância. Algumas foram para uma reunião. Uma amiga de Marisa voltou depois de ter descido vários lances de escada. "Tenho de voltar para pegar as fotos do meu bebê ", disse ela. E nunca saiu de lá. As duas mulheres que ficaram para trás falando ao telefone e aqueles que haviam ido para a reunião também perderam a vida.
Pesquisas mostraram que, quando um alarme de incêndio soa, as pessoas não agem imediatamente. Elas falam umas com as outras e tentam entender o que está acontecendo. Em vez de deixar um prédio, nós esperamos. Esperamos por mais indícios – cheiro de fumaça ou o conselho de alguém em quem confiamos. Mas há também evidências de que, mesmo com mais informação, ainda assim muitos de nós não daremos um passo.
"Resistimos à mudança. Somos veementemente fiéis à nossa visão de mundo, nossa história. Queremos saber em que nova história estamos entrando antes de sair da velha. Não queremos uma saída se não soubermos exatamente para onde ela vai nos levar, nem mesmo – ou talvez especialmente – numa emergência. Isso é assim, apresso-me a acrescentar, quer sejamos pacientes ou psicanalistas. Hesitamos, em face da mudança, porque mudança é perda. Mas se não aceitar mais alguma mudança, podemos perder tudo." diz Grosz.
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