Muitos citam aves como prova de monogamia entre os animais; será verdade?
"Dezenas de estudos etnográficos, sem mencionar inúmeras obras de história e de ficção, são testemunhos da prevalência das atividades sexuais extraconjugais entre homens e mulheres do mundo inteiro. Embora os seres humanos flertem, apaixonem-se e se casem, eles também tendem a ser sexualmente infiéis a seus cônjuges", diz a antropóloga americana Helen Fisher, que conclui que nossa tendência para as ligações extraconjugais parece ser o triunfo da natureza sobre a cultura.
Muitos discordam e citam as aves como prova de monogamia entre os animais. Mas pesquisas genéticas em insetos, tartarugas, aves e em praticamente todos os mamíferos, demonstram que a infidelidade feminina é arma decisiva no processo de seleção natural. Nos pássaros, por exemplo, a necessidade de construir ninhos, protegê-los e alimentar os filhotes é considerada justificativa para o comportamento monogâmico de várias espécies, porque os machos só investiriam tanta energia quando seguros da paternidade.
Entretanto, estudos têm revelado que a poligamia entre pássaros é muito mais frequente do que se imaginava. Patrícia Gowaty, da Universidade da Geórgia, EUA, ao testar DNA em 180 espécies de pássaros cantores, acasalados em liberdade segundo padrões aparentemente monogâmicos, verificou que apenas cerca de 10% dos filhotes carregavam os genes do pai social.
O mesmo ocorre com os melros de asa vermelha. Durante a época do acasalamento eles sobrevoam grandes regiões pantanosas, em busca de território para se fixarem. Diversas fêmeas juntam-se a um único macho no território deste e se acasalam aparentemente somente com ele. Cientistas realizaram vasectomia em alguns machos antes da época do acasalamento. Depois as fêmeas copularam com eles e fizeram ninhos em seus territórios, como de costume.
Para surpresa dos pesquisadores, muitas delas foram fertilizadas. O que significa que essas fêmeas não haviam sido fiéis a seus parceiros. Para se certificarem, os cientistas tiraram amostras de sangue das 31 fêmeas da espécie. Em quase metade dos ninhos havia um ou mais filhotes cujo pai não era o dono do território. A maior parte dessas fêmeas havia copulado com invasores ou com o macho do território vizinho.
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