Vejo mudanças quando leio que uma mulher assumiu a homossexualidade aos 91
A inglesa Barbara Hosking, funcionária pública que trabalhou com dois primeiros-ministros britânicos, Edward Heath (1970-74) e Harold Wilson (1964-70 e 1974-76) decidiu assumir sua homossexualidade aos 91 anos. Ela mantém um relacionamento homossexual há 20 anos e revelou isso publicamente ao escrever sua autobiografia.
Ao ler essa notícia é impossível não refletirmos sobre a mudança das mentalidades em curso, ou seja, a mudança na forma de pensar e viver o amor, a sexualidade e os papéis desempenhados por homens e mulheres.
Quando eu era criança, assisti a uma cena na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, que jamais esqueci. Um jovem lia um livro sozinho sentado na areia. Alguns rapazes, que estavam na praia, perceberam que ele era homossexual e partiram para um covarde ataque. Xingavam e jogavam areia no jovem, que fugiu correndo atordoado.
Embora as estatísticas de ataques homofóbicos ainda sejam vergonhosas, a revelação de Barbara Hosking, indica a tendência de cada vez mais a homossexualidade ser percebida como tão normal quanto a heterossexualidade.
As transformações são muitas. Outro bom exemplo é em relação ao machismo. A mentalidade patriarcal associou masculinidade à heterossexualidade. Isso explica um pouco do ataque ao jovem na praia. O verdadeiro supermacho, durante tanto tempo prestigiado, sempre se esforçou para corresponder ao ideal masculino de força, sucesso e poder da sociedade patriarcal.
A propaganda dos cigarros Marlboro ilustrou de forma perfeita o que povoava a imaginação das massas. A filósofa francesa Elisabeth Badinter assinala: "O homem duro, solitário porque não precisa de ninguém, impassível, viril a toda prova. Todos os homens, em determinada época, sonharam ser assim: uma besta sexual com as mulheres, mas que não se liga a nenhuma delas; um ser que só encontra seus congêneres masculinos na competição, na guerra ou no esporte. Em suma, o mais duro dos duros, um mutilado de afeto."
Hoje, o machão está perdendo seu lugar. Cada vez mais se valoriza o homem sensível, que não se sente diminuído por ficar triste ou chorar, que fale dos seus sentimentos e aceite seus próprios fracassos.
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