"Tento descobrir um meio de ganhar dinheiro, porque dependo do meu marido"
"Logo que terminei a faculdade, me casei. Nunca trabalhei. Hoje, com 43 anos e três filhos, tento descobrir um meio de ganhar dinheiro, porque dependo totalmente do meu marido. Nossas brigas são sérias e frequentes. Nessas ocasiões, ele me retira o talão de cheques da conta conjunta, a chave do carro, e não me deixa dinheiro nem para o ônibus. Minha última tentativa rumo à independência econômica parecia promissora. Comecei a confeccionar camisetas de malha com estampas feitas à mão por mim. As amigas adoraram e as vendas se intensificaram. Mas, de repente, não sei o que aconteceu comigo. Uma loja encomendou um número grande de camisetas. Só que eu não consigo ter ânimo nem para comprar a malha. Acho que agora não dá mais, já passou do dia combinado para a entrega."
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Ao contrário do homem, que é estimulado a ser independente desde que nasce, a maioria das mulheres não é criada para defender-se e cuidar de si própria. Por mais que estude e faça planos profissionais para o futuro, muitas alimentam o sonho de um dia encontrar alguém que irá protegê-la e dar significado à sua vida, não dando ênfase a uma profissão que a torne de fato independente.
Em muitos casos, o movimento de emancipação e as exigências práticas da vida não permitem que a mulher se esconda sob a proteção do pai ou marido. Mas a liberdade a assusta. Foi ensinada a acreditar que, por ser mulher, não é capaz de viver por conta própria, que é frágil, com absoluta necessidade de proteção. Muitas acreditam até que serem sustentadas é um direito que têm pelo fato de serem mulheres. Desde a infância, a mulher desenvolve uma grande dúvida interna quanto a sua competência e, quando porventura surge uma chance de conseguir independência, pode se assustar e voltar atrás.
O movimento feminista da década de 60 fez com que as mulheres se rebelassem contra o eterno papel de donas de casa e mães. Mas não são poucas as que acreditam que ser mulher significa ajustar sua imagem de acordo com as necessidades e exigências dos homens.
Contudo, as mentalidades estão mudando. Hoje, cada vez mais mulheres questionam a suposição de nossa cultura de que a verdadeira felicidade é estar envolvida com um homem. Ter ou não um homem ao lado está aos poucos deixando de ser a questão básica da vida. Mas ainda são poucas as que buscam se libertar dos papéis "femininos" a elas atribuídos. A grande maioria mantém os padrões de comportamento tradicionais, variando apenas o grau.
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