A repressão dos desejos pode ser mais prejudicial do que se imagina
Muito se fala sobre os perigos de uma relação extraconjugal. Nas redes sociais sempre há críticas a quem defende o direito de optar por relações não-monogâmicas. "Falta de caráter"; "Canalhice"; "Imaturidade". E o comentário estereotipado: "Se quer transar com outras pessoas, então, não se case!" Fico imaginando que ideia essas pessoas têm do casamento. Será que para elas casamento existe só para se viver a exclusividade sexual e nada mais?
Poucos falam dos efeitos nocivos da repressão dos desejos. Wilhelm Reich, importante pensador e psicanalista austríaco da primeira metade do século 20, analisa, em um dos seus livros, os prejuízos causados às pessoas envolvidas e à própria relação.
Para ele, quando o desejo por outros parceiros se tornam mais prementes, afetam a relação sexual existente no sentido de acelerar o enfraquecimento do desejo sexual pelo cônjuge. A relação sexual torna-se progressivamente um hábito e um dever. A diminuição do prazer obtido com o parceiro e o desejo de outros somam-se e reforçam-se mutuamente. Não é possível se evitar essa situação ou se iludir por meio de boas intenções ou de "técnicas amorosas".
Reich acredita que é nessa altura que se desenvolve sem cessar um ódio inconsciente contra o outro, pelo fato de ele impedir a satisfação, frustrar, os outros desejos sexuais. Em tal caso, não se tem qualquer razão pessoal e consciente para odiar, entretanto, sente-se nele, e mesmo no amor que por ele se tenha, um obstáculo, um peso.
Frequentemente, o ódio é compensado e camuflado por uma extrema afeição. Essa afeição reativa nascida do ódio e os sentimentos de culpa concomitantes são os componentes específicos de uma certa forma de ligação "pegajosa". Por isso, é tão frequente se ver pessoas, mesmo não casadas, que não são capazes de se separar, ainda que efetivamente já não tenham nada a se dizer e menos ainda a se dar, não sendo a relação entre elas mais do que uma tortura recíproca, prolongada e inútil.
"Incontáveis exemplos mostram que a fidelidade, calcada em valores morais, mina progressivamente uma relação, enquanto que, em contrapartida, numerosos outros exemplos demonstram claramente que uma relação ocasional com outro parceiro favorece a relação estável, que estava em vias de se deteriorar.", conclui Reich. E você….o que pensa disso?
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