Luta por igualdade de gênero no trabalho na Islândia é inspiração
A Islândia já aparece no topo da lista dos países que apresentam a maior igualdade de gênero no mundo. Nesta semana se tornou o primeiro país do mundo a obrigar a igualdade salarial entre homens e mulheres através de uma lei. Agora, tanto órgãos públicos quanto empresas privadas que tenham mais de 25 funcionários precisarão obter uma certificação especial do governo que reconhece a existência de políticas de igualdade salarial. As empresas que não possuírem o certificado estarão sujeitas ao pagamento de multas.
A luta da mulher para ser respeitada no trabalho é antiga. A mentalidade patriarcal fez com que o homem se definisse como um ser privilegiado, superior, possuindo alguma coisa a mais, que as mulheres ignoram. Ele acredita ser mais forte, mais inteligente, mais corajoso, mais decidido, mais responsável, mais criativo ou mais racional. Toda a superioridade atribuída ao homem serviu para justificar durante milênios a dominação da mulher.
Uma crise da masculinidade, na virada do século 19 para o 20, surge na Europa e nos Estados Unidos, trazendo novas reivindicações femininas e nova ansiedade masculina. As mulheres começam a ter direito à educação e assumem profissões antes vetadas. Entram nas universidades e se tornam médicas, advogadas e jornalistas. Reivindicam seu direito ao mesmo salário que o homem e tentam de todas as formas pôr fim às fronteiras sexuais existentes.
Os homens manifestaram hostilidade a esse ideal feminino. Repudiam a nova mulher. Diziam que degrada seu sexo, abandona o lar e põe em perigo a família. Essas mulheres são chamadas de terceiro sexo ou de homaças lésbicas. Em 1903, o presidente americano Theodore Roosevelt anuncia que a raça americana está a caminho do suicídio. Mesmo os democratas adeptos do voto feminino achavam que as mulheres estavam indo longe demais.
Na véspera da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os homens ainda não têm resposta para os dilemas da virilidade moderna. Surgem novos heróis na literatura. Faz-se reviver o Oeste selvagem e inventa-se a figura emblemática do caubói, homem viril por excelência: violento, mas honrado, combatente infatigável munido do seu revólver, defendendo as mulheres sem jamais ser dominado por elas.
As classes médias lançam-se literalmente sobre esses novos livros, assim como sobre a série Tarzan, publicada a partir de 1912, que vende mais de 36 milhões de exemplares. A despeito de tudo isso, muitos homens não conseguem serenar sua angústia.
Há 50 anos as mulheres passaram a questionar e exigir o fim da distinção dos papéis masculinos e femininos, ocupando os espaços sempre reservados aos homens. A certeza do homem superior à mulher foi novamente abalada.
O que a gente vê acontecer na Islândia mostra que a mudança das mentalidades demora algumas vezes mais de cem anos para se concretizar. Até 2020, daqui dois anos só, o país pretende acabar totalmente com a disparidade de salário entre homens e mulheres. Só pra fazer uma comparação com a nossa realidade, o Fórum Econômico Mundial estima que, mantido o ritmo de hoje, o Brasil vai demorar mais 94 anos para equiparar as condições econômicas de homens e mulheres.
O que podemos fazer pra apressar esse ritmo de mudanças?
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