Liberdade da contracultura é decisiva para o futuro da humanidade
Para os jovens dos anos 1960, a geração que se caracterizou por seu interesse em sexo, drogas e rock and roll, e cujo slogan favorito era make love, not war, o sexo vinha indiscutivelmente em primeiro lugar. A liberdade sexual foi o traço de comportamento que melhor caracterizou o Flower Power.
A geração da contracultura foi a primeira a colocar em questão a tradição do amor romântico, passivamente aceita por todas as gerações anteriores. A descoberta da possibilidade de se amar várias pessoas ao mesmo tempo e ter uma vida afetiva mais rica, mais diversificada, foi a grande revelação. Todo mundo podia transar com todo mundo.
Essa liberdade inédita, a famosa permissividade da contracultura, foi duramente criticada pelas gerações anteriores como promiscuidade e degeneração. É possível que, em muitos casos, tal crítica tivesse até algum fundamento, mas, de maneira geral, o que se descobriu foi simplesmente capacidade do instinto para autoregular-se, para estabelecer espontaneamente seus próprios limites e os mecanismos de autocontrole porventura necessários, sem a imposição artificial de uma repressão externa.
A liberdade sexual não acarreta necessariamente uma orgia permanente de maneira que ninguém faça mais nada na vida a não ser sexo o tempo todo. Isso só é assim na imaginação dos reprimidos. Na realidade dos que experimentaram essa liberdade, como os jovens da contracultura, há também moderação, equilíbrio e tempo de sobra para se fazer outras coisas.
A possibilidade de uma cultura libidinal, não-repressiva, cuja ideia é exposta e desenvolvida por Herbert Marcuse, em Eros e Civilização, é fundamental, decisiva para os destinos da humanidade. Ou continuamos a nos afundar no pântano da neurose coletiva, com suas manifestações secundárias de violência e doença a que estamos assistindo todos os dias, em toda parte, ou conquistamos a liberdade necessária para criar uma maneira de viver mais saudável e mais feliz.
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