Topo

Regina Navarro Lins

Liberdade da contracultura é decisiva para o futuro da humanidade

Universa

21/12/2017 04h00

Para os jovens dos anos 1960, a geração que se caracterizou por seu interesse em sexo, drogas e rock and roll, e cujo slogan favorito era make love, not war, o sexo vinha indiscutivelmente em primeiro lugar. A liberdade sexual foi o traço de comportamento que melhor caracterizou o Flower Power.

A geração da contracultura foi a primeira a colocar em questão a tradição do amor romântico, passivamente aceita por todas as gerações anteriores. A descoberta da possibilidade de se amar várias pessoas ao mesmo tempo e ter uma vida afetiva mais rica, mais diversificada, foi a grande revelação. Todo mundo podia transar com todo mundo.

Essa liberdade inédita, a famosa permissividade da contracultura, foi duramente criticada pelas gerações anteriores como promiscuidade e degeneração. É possível que, em muitos casos, tal crítica tivesse até algum fundamento, mas, de maneira geral, o que se descobriu foi simplesmente capacidade do instinto para autoregular-se, para estabelecer espontaneamente seus próprios limites e os mecanismos de autocontrole porventura necessários, sem a imposição artificial de uma repressão externa.

A liberdade sexual não acarreta necessariamente uma orgia permanente de maneira que ninguém faça mais nada na vida a não ser sexo o tempo todo. Isso só é assim na imaginação dos reprimidos. Na realidade dos que experimentaram essa liberdade, como os jovens da contracultura, há também moderação, equilíbrio e tempo de sobra para se fazer outras coisas.

A possibilidade de uma cultura libidinal, não-repressiva, cuja ideia é exposta e desenvolvida por Herbert Marcuse, em Eros e Civilização, é fundamental, decisiva para os destinos da humanidade. Ou continuamos a nos afundar no pântano da neurose coletiva, com suas manifestações secundárias de violência e doença a que estamos assistindo todos os dias, em toda parte, ou conquistamos a liberdade necessária para criar uma maneira de viver mais saudável e mais feliz.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

Blog Regina Navarro