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Regina Navarro Lins

"Amo meu namorado, mas sou jovem e quis saber como era transar com outro"

Regina Navarro Lins

17/07/2017 04h00

Ilustração: Caio Borges

"Tenho 22 anos e namoro há sete anos. Ele foi meu primeiro namorado. Porém, de dois meses pra cá, decidi sair com outro cara. Eu queria saber como é transar com outro, pois só conhecia meu namorado mesmo. A questão é que adorei fazer isso, não me arrependo, e não acho que tenha feito algo de ruim. Amo meu namorado, tenho planos com ele, mas ele tem a mente fechada e não vai aceitar. Depois disso estou mais animada no sexo com ele, que já havia caído na rotina. Não queria magoá-lo, mas agora estou nessa encruzilhada…"
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Em uma relação estável, é comum o companheirismo, a solidariedade e o carinho irem aumentando na mesma medida em que o desejo sexual vai diminuindo. O sexo vai virando hábito, e como tudo o que é habitual vai perdendo a sensação de prazer, ele vai sendo feito automaticamente.

Na realidade, existe uma razão ainda maior para que no namoro ou casamento o sexo se transforme em algo meio sem graça.  É a ideologia da monogamia. Homens e mulheres cobram fidelidade sexual de seus parceiros. Sem dúvida, essa obrigação de um só poder se relacionar com o outro mina progressivamente a relação.

Por um lado as pessoas se sentem apaziguadas e seguras, acreditando que o parceiro nunca terá olhos para ninguém. Por outro, a mesma certeza de posse e de exclusividade que faz as pessoas se sentirem garantidas na relação, leva à acomodação, inibindo o desenvolvimento de uma vida sexual criativa com o parceiro. Não existindo mais o estímulo da sedução e da conquista, o sexo vai se deteriorando.

A relação com outra pessoa pode ser apenas acidental e não rivalizar com a relação estável. Nesse caso não afeta a pessoa nem o namoro ou casamento, que em alguns casos sai até reforçado. Desconfiar que o outro esteja também tendo um romance com alguém abala a certeza de posse e estimula a conquista, o que pode provocar o reaparecimento  do desejo sexual.

É claro que, às vezes, a relação extraconjugal se torna mais intensa do que a do casamento, proporcionando mais emoção e prazer para as pessoas.
Nesse caso, ou se aceita que faz parte da vida amar duas pessoas ao mesmo tempo, ou se separa. Seja qual for a escolha, é melhor do que duas pessoas ficarem presas uma à outra por dependência e medo da vida.

Você também vive um conflito amoroso e sexual? Escreva para blogdaregina@bol.com.br e conte sua história em até 12 linhas. Ela pode ser comentada aqui no blog e sua identidade não será revelada.

Sobre a autora

Regina Navarro Lins é psicanalista e escritora, autora de 12 livros sobre relacionamento amoroso e sexual, entre eles o best seller “A Cama na Varanda”, “O Livro do Amor” e "Novas Formas de Amar". Atende em consultório particular há 45 anos e realiza palestras por todo o Brasil. É consultora e participante do programa “Amor & Sexo”, da TV Globo, e apresenta o quadro semanal Sexo em Pauta, no programa Em Pauta, da Globonews. Nasceu e vive no Rio de Janeiro.

Sobre o blog

A proposta deste espaço interativo é estimular a reflexão sobre formas de viver o amor e o sexo, dando uma contribuição para a mudança das mentalidades, pois acreditamos que, ao se livrarem dos preconceitos, as pessoas vivem com mais satisfação.

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